Logo Folha de Pernambuco
Cultura+

Polêmica dos cachês do Governo do Estado a artistas continua

Artistas reclamam de atrasos no pagamento de shows, situação constante em Pernambuco

Sede da Prefeitura do Recife (PCR)Sede da Prefeitura do Recife (PCR) - Foto: Reprodução/Google Maps

 

Virou fato recorrente artistas denunciarem o atraso no recebimento dos cachês de eventos promovidos pelo Governo de Pernambuco. Desta vez, a reclamação partiu dos cantores Irah Caldeira e Maciel Melo, que ainda “não viram nem a cor” dos pagamentos referentes às apresentações que fizeram durante o período junino e o 26º Festival de Inverno de Garanhuns (FIG), em junho e julho deste ano, respectivamente. Procuradas pela reportagem, a Secretaria de Cultura (Secult) e a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) não se posicionaram até o fechamento desta edição. Ou seja, mais uma vez o Governo do Estado se cala, diante de um tema polêmico.

De acordo com Irah, o problema já vem se arrastrando há cinco meses e, no último sábado, a forrozeira publicou um vídeo em sua página oficial no Facebook. “Infelizmente, até o momento eu não recebi absolutamente nada das festas que fiz com o Governo do Estado de Pernambuco”, desabafou. A postagem ultrapassa as 53 mil visualizações e conta com mais de dois mil compartilhamentos.

O músico Maciel Melo assegura que a maioria dos artistas que subiram aos palcos durante o São João e o FIG ainda não foi paga. “Isso se repete todos os anos. É uma forma de massacrar o artista, que trabalha e não recebe. Está mais do que na hora de dar um basta nessa política retrógrada”, defendeu o intérprete, em entrevista à Folha de Pernambuco, por telefone. A reclamação é sustentada por outros nomes, como produtor cultural Jamerson de Lima. “No ano passado, coloquei proposta no Festival de Inverno e só viemos a receber na segunda semana de dezembro. Neste ano, estava lá com uma exposição. O financeiro da Fundarpe pediu pra emitir nota fiscal em agosto e, sempre que perguntei sobre previsão de pagamento, informaram que depende de liberação da Secretaria da Fazenda”, conta.

Através de suas redes sociais, Maciel Melo deu apoio à indignação da cantora. “Não há justificativa que me convença de se contratar um artista ou qualquer profissional que seja e demorar cinco, seis, sete, oito meses e, às vezes, até um ano para se pagar pelo serviço prestado. Nós somos contratados pra bancar as festividades do Governo do Estado, pois pagamos adiantado todos os custos pra a realização dos eventos.

Hospedagens, cachês de músicos, alimentação, transporte e tudo o mais que for necessário para que esses eventos sejam realizados”, diz o texto publicado por ele na última segunda-feira. O cantor aguarda os cachês de quatro shows realizados nos meses de junho e julho.

Para o também forrozeiro Josildo Sá, que enfrenta o mesmo problema de seus colegas, falta um caminho de diálogo entre classe artística e poder público. “As partes precisam sentar para começar a discutir quais são as prioridades e buscar formas de solucionar essa celeuma”, aponta. “Participamos de uma reunião com a Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo). Chegamos ao acordo de que eles passariam a nos pagar com o limite de três meses, mesmo sem ser o ideal. Só que nem isso foi cumprido”, revela Irah, que acumula uma pendência de cachê com o órgão público referente às festas juninas de 2014.

Sobre outra polêmica, uma fonte da Fundarpe negou que haja pagamentos antecipados a artistas de fora do Estado. “Muitos deles sequer querem se apresentar em festas bancadas pelo Governo do Estado, justamente porque não sabem quando irão receber”, garantiu. Vale ressaltar que o secretário de Administração de Pernambuco, Milton Coelho, disse recentemente à Imprensa que o Estado ainda não tem provisionado todo o pagamento dos 13º salários dos servidores, devido às constantes frustações na arrecadação.

 

Veja também

Newsletter