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Pro mundo ouvir: saiba quem é Duda Beat, a recifense que conquistou o Brasil

Com o álbum de estreia 'Sinto Muito', a recifense Eduarda Bittencourt recebeu prêmio de 'Revelação' da APCA e deu o que falar em 2018

Duda Beat em show na Casa NaturaDuda Beat em show na Casa Natura - Foto: Gabriel Renné/Divulgação

Se o ano começou ao som da grudenta faixa de brega funk “Envolvimento” — viral de MC Loma e as Gêmeas Lacração, considerado hit do último Carnaval —, é aos beats de outra música pernambucana que nos despedimos de 2018.

Premiada “Revelação” da Música Popular pela Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), Duda Beat lançou em abril deste ano o álbum “Sinto Muito”, que ultrapassou, até aqui, a marca de quatro milhões de reproduções nas plataformas digitais.

Com o debut, ela integrou a line-up de festivais como Transborda (BH), MECA Brennand (PE), MADA (RN), Feira Noise (BA), Psica (PA), Virada Cultural (SP) e está entre as atrações confirmadas do Lollapalooza Brasil em 2019.

Na segunda-feira (31), a recifense se apresenta no Reveião Golarrolê, ao lado da banda Araketu, de Mateus Carrilho (ex-Banda Uó) e da cantora Michelle Melo, que entra no lugar do MC Elvis. O evento acontece simultaneamente no Catamaran e no Espaço Almirante (antigo Vapor 48). Os ingressos custam R$ 230.

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Repleto de samplers [trechos sonoros recortados de outras composições] , “Sinto Muito” é construído com beats que lhe conferem uma atmosfera dos anos 1980, sem deixar de fora metais bem arranjados e percussões que dão tom de Axé Music. Em 11 faixas, Duda Beat narra as desventuras de seus relacionamentos, expurga mágoas e declara novas paixões. A produção é do carioca Tomás Tróia — exceto em “Parece Pouco”, faixa produzida por Lux Ferreira.

A artista conta que entrou em meditação no retiro Vipassana e, em silêncio, concluiu que precisava dar vazão aos sentimentos acumulados. Foi quando tomou coragem para apresentar algumas composições a Tomás, amigo de infância e atual namorado, com quem trabalhou nos arranjos durante um ano. “Ao todo, foram dois anos entre a consolidação do álbum e o período que levei para levantar o dinheiro da mixagem e masterização”, lembra.

Com o lançamento do segundo videoclipe, o solar “Bixinho”, Duda despertou a atenção do público alternativo. O clipe contou com produção da hype Obvious Agency, que acerta na escolha das locações, figurinos, movimentos de câmera etc. “Quando comecei a produção [do disco] sabia que iria dar certo, que seria um sucesso”, conta.



Desde então, a cantora tem sido requisitada para os principais festivais independentes do País e já subiu aos palcos com artistas que vão de Caetano Veloso e Elza Soares a Ludmilla. No campo editorial, integrou campanhas publicitárias para a marca de sandálias Melissa e a grife sustentável AHLMA.

Sem data prévia definida, ela lançará videoclipe de “Bédi Beat” e diz estar trabalhando na produção de seu segundo disco. “Vai ser um álbum de transição, porque o momento atual é de felicidade. Mas devem entrar duas ou três músicas que ficaram de fora do ‘Sinto Muito’.” Atualmente, a cantora tenta liberação da EMI de Lana Del Rey para disponibilizar em streaming “Chapadinha na Praia”, versão brega de “High by the Beach”, um dos sucessos da norte-americana.

Em 2019, Duda aparece em “Corpo em Brasa”, parceria que integra o próximo álbum de Romero Ferro - a música foi executada pela primeira vez na edição de 15 anos do Coquetel Molotov, durante show da cantora. Também são esperadas participações na faixa inédita do paraense Jaloo (ao lado de Mateus Carrilho) e em canção da baiana Illy.





Bolo de Rolo (ou Ninguém dança)

Numa busca rápida no Twitter, 300 menções ao nome de Duda Beat podem ser encontradas num só dia. Com toda a rede de colaboradores em torno da cantora, os festivais e prêmios, seu raio de alcance tem crescido exponencialmente. “Muitas pessoas se identificam e agradecem pelo meu trabalho. Falam que a música ajudou lidar com aquela dor de cotovelo, a superar relacionamentos que não têm mais jeito”, diz.

Nem sempre a repercussão agrada. Após a divulgação do Prêmio APCA e o anúncio da line-up do Lollapalooza, não demorou para aparecerem os primeiros haters. “Eu me sinto profundamente magoada”, desabafa, em resposta à recente especulação no Twitter sobre a autenticidade de seu sotaque. “Sempre falei assim. Sou uma cantora pernambucana e não preciso fingir.” “Minha tia mora no Rio há 30 anos e nem por isso perdeu o jeito de falar”, conta. “Entristece perceber que, ao invés de me fortalecer, as pessoas da minha cidade estão me gongando.”

Mas ao falar do Recife, Eduarda Bittencourt (nome de registro da artista) muda o tom. Ela lembra da infância em Boa Viagem, de chegar da escola e assistir às bandas de brega que se apresentavam na tv pernambucana, enquanto esperava ao almoço. Depois comenta da ida aos “pagodes”, acompanhada das amigas, nos fins de semana. À adolescência no Colégio Contato, atribui as primeiras apresentações musicais. “Lá, eu cantava de O Rappa a Ivete Sangalo, numa ‘bandinha sem nome’ que se apresentava nos intervalos.” Por influência duma amiga, integrou até coral religioso. “Foi uma experiência muito especial”, lembra entre riso a menina Duda, que hoje alça voos maiores.

O que dizem parceiros e amigos?

"Sou muito fã de Duda e muito fã do trabalho dela. Estamos cada vez mais próximos, mais amigos. Fico muito feliz com o crescimento dela. Ela é pernambucana, né? Então a gente tem esse link muito forte, essa relação com nossa música raiz. Tenho certeza que 'Corpo em Brasa' será um sucesso, porque a música tá show."

Romero Ferro, cantor pernambucano — Ele lançará parceria com Duda Beat em 2019. A composição é do também pernambucano Barro

"Quando Duda chegou de Recife para o Rio éramos jovens cheios de sonhos. Cantávamos, saíamos e falávamos de futuro juntos. Quando fui morar com ela, passávamos noites conversando. Era a primeira a ouvir minhas músicas novas, a primeira que eu contava os ganhos. Quando vim para São Paulo, era a única que me apetecia ligar e dizer 'te amo, se cuida'. Duda está vencendo ela mesma com beleza e ciência. Um ser que faz das suas fraquezas fortaleza não deve ser ignorado."

Castello Branco, músico carioca — Para e sobre Duda Beat ele escreveu "Céu da Boca", faixa do álbum Serviço (2013)

"É muito bom tudo o que tá acontecendo. Não esperava, porque tudo é muito difícil, né? Mas tudo dela, é que ela sempre resolveu todas dificuldades que passava — sem ser em relação a amor, ela conseguia resolver. Eduarda é muita desasnada, né? Tem uma áurea boa! Desde criancinha sempre foi e sempre lutou pelas coisas dela. Tinha ótimas relações na escola, a casa vivia cheia de amigos e resolvia tudo pra todo mundo. Eu estou vislumbrada. Todos estamos muito felizes!"

Suyenne Bittencourt, mãe de Duda Beat — A esteticista contou das vezes que atendeu ligações da filha ao choro e precisou dar conta a distância. Fã, compra tudo que sai e acompanha onde pode. "Vou pro Lollapalooza"

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