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Profissão: Palhaço
Projeto quer preencher uma das lacunas enfrentadas pelos artistas, a falta de oportunidades em qualificação
A busca por formação é um dos principais obstáculos enfrentados por quem se dedica à arte da palhaçaria em Pernambuco. Ações pedagógicas relacionadas a essa linguagem são realizadas de forma esporádica, sem garantia de continuidade. Foi de olho nessa problemática que a Cia. Circo Caravana Tapioca criou o projeto Caravana de Palhaços, cujo objetivo é oferecer qualificação e aperfeiçoamento para artistas que já possuem experiência na área. Dividido em seis partes, o curso tem início nesta segunda e segue até o próximo ano.
Oficinas compõem os quatro primeiros módulos do projeto, que ocupa o Paço do Frevo, no bairro do Recife. A primeira delas, intitulada “E o palhaço o que é?”, será ministrada por Ésio Magalhães desta segunda a 4 de novembro. Fundador do grupo Barracão Teatro (SP), o artista trabalha como clown há 21 anos. “Venho de uma formação teatral, embora sempre tenha tido um pé no circo. Quando ingressei no teatro, tentava fazer coisas dramáticas, mas as pessoas sempre acabavam rindo. No começo, isso era muito incômodo para mim, mas fui percebendo que a comicidade era o meu caminho. Dessa forma, a palhaçaria acabou aparecendo na minha vida”, relata.
Para Ésio, o riso desencadeado pelo palhaço vem seguido por uma reflexão. “Ele é uma figura arquetípica que, através do riso, abre um espaço de relação com o público. É uma figura pequena, não de tamanho, mas de importância, pois se coloca como o ridículo, expondo sua fragilidade para que as pessoas riam dele e, dessa maneira, pensem no que elas são”, defende o artista, que acumula experiências em grupos como os Doutores da Alegria. Seus espetáculos já lhe renderam duas indicações ao Prêmio Shell de melhor ator.
De acordo com ele, a prática é a chave da qualidade de seu trabalho. “O palhaço é como um piloto de avião, que vai ganhando experiência com as horas de voo. É o exercício no palco e no picadeiro que faz de alguém um bom palhaço”, afirma.
De acordo com ele, a prática é a chave da qualidade de seu trabalho. “O palhaço é como um piloto de avião, que vai ganhando experiência com as horas de voo. É o exercício no palco e no picadeiro que faz de alguém um bom palhaço”, afirma.
Na opinião do ator, a palhaçaria brasileira vive um processo de transformação. “Quando comecei, havia pouca referência bibliográfica sobre o assunto. Hoje, isso mudou, assim como outras coisas. Antes, esse gênero era visto como menor dentro das artes cênicas, não havia muitas mulheres palhaças e o repertório de cenas era composto, basicamente, por esquetes clássicas. Há um grande avanço nessa forma de arte, sempre bebendo da fonte do que já foi feito. Ninguém está inventando a roda”, diz.
A próxima oficina será “O palhaço tradicional no circo-teatro”, ministrada por Teófanes Silveira, o Birimbinha, de 21 a 25 de novembro. No primeiro semestre de 2017, as aulas serão comandadas por Ricardo Puccetti e Anderson Machado. Os alunos vivenciarão ainda mais dois módulos de compartilhamento e intercâmbio, com foco na criação e apresentação de números circenses. O curso é promovido com incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura-PE).