Artes visuais

Projeto 'Enxertia' busca fortalecer os trabalhos de 21 artistas pernambucanos

Com apoio da galeria Amparo 60, grupo lança primeira coleção, com sete conjuntos de três obras, nesta quinta-feira

Obra de Kildery Iara está entre as produções selecionadasObra de Kildery Iara está entre as produções selecionadas - Foto: Divulgação

Quem entende de jardinagem sabe que unir uma planta a outra de espécie diferente pode ajudá-la a ficar mais forte, resistindo melhor a pragas e doenças. A técnica é chamada de enxertia e, por seu significado, dá nome a um projeto encabeçado por 21 artistas, em articulação com a Galeria Amparo 60, que começa a vir a público a partir de hoje.

O objetivo é agrupar diferentes propostas artísticas em uma mesma plataforma, possibilitando retorno financeiro para todos os envolvidos. A princípio, as ações eram destinadas ao casting da Amparo 60, mas depois o diálogo foi amplificado, chegando a artistas independentes. O que todos os participantes têm em comum é a relação com Pernambuco, seja pela naturalidade presente no registro de nascimento ou por já terem vivido aqui em algum momento da vida. 

“O projeto surgiu como uma forma de poder trabalhar e estar junto, mesmo atravessando esse momento de pandemia”, afirma Clara Moreira, uma das artistas que integram o grupo. Biarritzzz, Caetano Costa, Célio Braga, Cristiano Lenhardt, Fefa Lins, Fernando, Augusto, Francisco Baccaro, Iagor Peres, Isabela Stampanoni, Izidorio Cavalcanti, Josafá Neves, José Paulo, Juliana Lapa, Kildery Iara, Lia Letícia, Lourival Cuquinha, Mariana de Matos, Marie Carangi, Ramonn Vieitez e Ramsés Marçal completam a lista.

A rede de apoio, que começou a se desenhar em junho, apresenta hoje a sua primeira coleção. Cada artista contribuiu com uma obra. As produções foram organizadas em sete grupos, compostos por três peças. Os conjuntos serão comercializados por R$ 7 mil, através da loja virtual da Amparo 60, sendo o valor dividido igualmente entre todos os envolvidos (incluindo o Sítio Ágatha, movimento social que o projeto selecionou para apoiar). 

Com curadoria de Ariana Nuala, a coleção pode ser vista como uma espécie de exposição virtual. “Diferente de outros processos de curadoria, esse parte das escolhas dos próprios artistas, que indicam as obras que entram no projeto. A minha função é muito mais de realizar o enxerto: ver qual trabalho consegue fortalecer o discurso do outro, mesmo que seja de uma maneira paradoxal, mostrando divergências”, diz Ariana. 

"Paz e Sangue", de Biarritzz (Foto: Divulgação)

Seguindo a mesma mecânica, outras duas coleções devem ser lançadas pelo grupo em novembro e dezembro, trazendo novas obras. A pluralidade dos artistas se reflete numa mistura heterogênea de produções com diferentes estéticas, técnicas e sentidos. “Neste primeiro lote temos, por exemplo, um conjunto que fala mais da gestualidade, do corpo enquanto lugar de memória. Há outro que vai falar mais sobre materialidade. Nos próximos, já serão outras propostas”, comenta a curadora. 

Para Lúcia Santos, proprietária da Amparo 60, esse tipo de iniciativa coletiva é algo que pode ajudar o mercado de arte a sobreviver à crise atual. “Como a galeria não trabalha só com Pernambuco, temos o interesse de levar essa semente para o Brasil inteiro. Isso eu acho que pode ter vários reflexos para além deste momento de pandemia”, defende. 

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