Cultura+

Quatro décadas do Ilê Aiyê ocupam o palco da Caixa Cultural

Música e dança estão em espetáculo comemorativo do grupo, que faz temporada até sábado na Caixa Cultural

Bloco afro nascido no Curuzu, em Salvador, celebra 40 anos de história com o tributo, do qual participam nove bailarinos e quatro músicosBloco afro nascido no Curuzu, em Salvador, celebra 40 anos de história com o tributo, do qual participam nove bailarinos e quatro músicos - Foto: Divulgação

Em 1974, quatro jovens do bairro de Curuzu, em Salvador (na Bahia), influenciados pelo movimento black power, davam origem ao primeiro bloco de Carnaval afro brasileiro, o Ilê Aiyê. Para celebrar e contar um pouco mais de 40 anos de história, a Caixa Cultural recebe, a partir desta quinta-feira até o próximo sábado (19), as apresentações do espetáculo “Tributo ao ILÊ AIYÊ - 40 anos de história”, realizado pelo próprio grupo.

A primeira apresentação do espetáculo foi na comemoração aos 25 anos de grupo, mas a performance foi realizada com outra formação e formato, com uma única exibição em Salvador. Em 2014, Ceicça Boaventura, diretora geral e responsável pela concepção, contextualizou a peça e remontou para homenagear os 40 anos do Ilê Aiyê e essa é a versão que vem para o Recife. “O que move o tributo é a gratidão. Queremos homenagear o grupo pelo que ele significa no cenário cultural e político do povo preto, para se valorizar sua beleza, talento intelectual e competências diversas. O Ilê influenciou outros grupos e segmentos e faz parte da história de todos nós porque está dentro do contexto de uma sociedade múltipla”, explica a diretora.

No palco, são nove bailarinos e quatro músicos que mostram a história do grupo ao longo de 50 minutos, divididos em seis quadros musicais. É mostrado o início na década de 1970, sob influência do movimento black power e do cantor James Brown e as músicas de seu disco “Sex Machine”. Depois, os artistas relembram a participação de Tony Tornado no V Festival da Canção com a música de protesto, “BR-3”, e a importância de Mãe Hilda, fundadora e mentora espiritual do Ilê. Outros temas abordados também são os amores que surgem nos ensaios, a diversidade sexual, a valorização da mulher negra, além da beleza e enaltecimento da auto-estima do preto e o pan-africanismo que também influenciaram fortemente o grupo.

Assim como era no começo, ainda hoje o Ilê Aiyê continua saindo aos sábados do bairro do Curuzu, desfilando pelas ruas de Salvador e levando o sentido político para o Carnaval. “A rua é o espaço mais democrático que existe. Há 40 anos, o Ilê vem fazendo política, cultura e arte na rua. Isso fica claro porque eles propõem um tema e desfilam, colocando nas letras e nos tecidos de seus figurinos a história dos heróis negros pelo ponto de vista deles. E por ser um grupo formado por pesquisadores e antropólogos esses temas são sempre bem trabalhados. O Ilê é alegria, é Carnaval, mas também é política e história”, afirma Ceicça.

Devido a problemas de patrocínio, o grupo já perdeu oportunidade de divulgar o seu trabalho internacionalmente: o conjunto já recebeu convite para se apresentar no 21º Encontro Internacional de Dança Em Paisagens Cubanas e para integrar o circuito Off-Broadway, em Nova York. O Ilê Aiyê já teve suas músicas gravadas por nomes da MPB, como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Daniela Mercury, Ivete Sangalo e Milton Nascimento.

SERVIÇO
Espetáculo "Tributo a Ilê Aiyê - 40 anos de história"
Quando: Nesta quinta-feira (17) e sexta-feira (18), às 20h. Sábado (19), às 17h e 20h
Onde: Caixa Cultural Recife (av. Alfredo Lisboa, 505 - Recife Antigo)
Quanto: R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada)
Informações: (81) 3425-1915

Veja também

Gravações de filme de Eddie Murphy deixam vários feridos
Eddie Murphy

Gravações de filme de Eddie Murphy deixam vários feridos

Personal conta que ficou com Gracyanne seis meses e diz que sofre com 'zoação': 'Isso tudo é cruel'
Traição

Personal conta que ficou com Gracyanne seis meses e diz que sofre com 'zoação': 'Isso tudo é cruel'

Newsletter