Saia Justa, no GNT, segue caminho da superficialidade para ganhar popularidade e faturamento
Com a entrada de Eliana e Juliette, programa aposta em conteúdos leves
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No ar há exatos 23 anos, o “Saia Justa” é um programa que precisa de movimento. O formato pode até não mudar muito, afinal é, basicamente, um debate feminino sobre os mais diversos temas.
No entanto, por orbitar no universo das ideias e opiniões, a renovação das vozes está na ordem do dia ou a produção corre o sério risco de andar em círculos. Engessar um de seus programas de maior repercussão é o grande medo da direção do GNT.
Por isso, mais uma renovação se fez necessária na dinâmica do programa, que acaba de ganhar duas novas debatedoras Erika Januza e Juliette. A atriz e a vencedora da edição 2021 do “Big Brother Brasil” se juntam a Bela Gil, que está no sofá desde 2023, e Eliana, âncora que fez sua estreia no programa na temporada passada.
Já esperada, a permanência de Eliana à frente da produção é algo que diz muito sobre as prioridades do GNT e sua atual programação, onde audiência e faturamento estão acima de qualquer aprofundamento ou prestígio.
Chapa branca
A primeira fase do “Saia Justa” teve duração de 10 anos com a mediação da jornalista Mônica Waldvogel, que dividiu o sofá com nomes como Fernanda Young, Marina Lima, Rita Lee e Marcia Tiburi.
Quando resolveu sair da produção, Mônica foi substituída por outra jornalista, Astrid Fontenelle, que foi âncora do programa por 11 anos e teve ao seu lado figuras como Larissa Luz, Mônica Martelli, Taís Araújo e Pitty.
Sempre privilegiando diferentes origens e vivências, o grande trunfo do “Saia Justa” era incentivar as vozes dissonantes, onde mulheres podem e devem discordar uma das outras sem parecer falta de sororidade, o que afastava o programa de uma simples conversa de comadres.
Acontece que, com a entrada de Eliana, a produção naturalmente tomou um caminho mais superficial e próximo do entretenimento. Com isso, pautas e temas ficaram mais leves e o programa tem ficado cada vez mais chapa branca.
Bom retorno
A audiência dessa fase mais branda respondeu positivamente. Além disso, o nome de Eliana ajudou o programa não apenas a se manter como o maior faturamento do canal pago, mas também a conquistar grandes marcas como patrocinadores.
A entrada de Juliette, com seus milhões de seguidores nas redes sociais e alto apelo popular, só reforça que o GNT escolheu para o “Saia Justa” o caminho fácil do sucesso, mesmo que isso signifique cair no discurso óbvio e nas conversas sem profundidade.
Do quarteto atual, a única que parece ter algo realmente original e relevante para dizer é Januza, presença realista e espirituosa que conecta o programa aos seus anos mais relevantes.
SERVIÇO
“Saia Justa” - GNT - quartas, às 22h30