Start up recifense cria banco de dados musical para a Sony
Brazyle, produzida por Daccord Music Software junto a UFPE e Porto Digital, é lançada nesta terça-feira (8)
Ferramentas de inteligência artificial (IA) não são exatamente novidade para os amantes de ficção científica. Desde os anos 1950 e 1960, escritores como Arthur C. Clarke e Ray Bradbury já imaginavam soluções inteligentes e automatizadas que facilitassem a vida do ser humano. Foi nos últimos 20 anos, então, que tal tecnologia se tornou acessível ao público em geral, entrando também em comércio. E agora, as IAs servem para propósitos tão variados como, por exemplo, compor canções.
Esta é a principal função do FlowMachine, plataforma desenvolvida pelo departamento de tecnologia da Sony, que permite a criação de novas músicas a partir de uma imensa base de dados com os mais variados ritmos e estilos musicais. Para a criação do banco de música brasileira, denominado Brazyle, a escolhida foi a start up recifense Daccord Music Software, do Porto Digital.
O lançamento do Brazyle será feito nesta terça-feira (8), em evento especial no espaço Portomídia (rua Barão Rodrigues Mendes, 52, Recife Antigo). Haverá jam session de músicos locais e entrega do título de Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) ao francês François Pacet, diretor da Sony Computer Science Lab, em Paris.
“A ferramenta é um complemento à criação, é uma forma de auxiliar os músicos. Por exemplo, por mais que você conheça determinados gêneros e ritmos musicais, o algoritmo do Brazyle vai te ajudar a entender melhor como ele funciona. Você pegar um som básico de samba e, a partir daí, criar novas canções ou até mesmo transformar essa base em outras composições, reorganizando os arranjos”, explica o professor e pesquisador Giordano Cabral, um dos parceiros da empresa.
O trabalho do conjunto consistiu na gravação e catalogação do material básico dos diferentes ritmos da música brasileira, incluindo samba, MPB, forró, baião e rock, entre outros. O processo de gravação contou com a participação de músicos pernambucanos, como o cantor Geraldo Maia. Além das próprias músicas, o banco de dados é alimentado com partituras e outras noções de teoria musical.
Case de sucesso
A ferramenta FlowMachine ganhou notoriedade no final do ano passado, quando foi divulgada a primeira música composta com o auxílio da inteligência artificial. Na ocasião, a máquina foi alimentada com cerca de 50 canções dos Beatles e, a partir daí, tratou do processo de composição de letra e música, em conjunto com o compositor francês Benoît Carré.
Giordano Cabral adianta à Folha de Pernambuco que mais composições como essas já estão sendo feitas ao redor do mundo. As obras serão reunidas em compilações que devem chegar às lojas e serviços de streaming ainda neste ano. “Nossa intenção é tornar esta tecnologia acessível para o público, para que os músicos tenham esse novo auxílio tecnológico. Já é algo que acontece, as empresas de tecnologia estão investindo em inteligência artificial”, afirma o pesquisador.
Formada há quase 15 anos, a Daccord se especializou no desenvolvimento e revenda de softwares que auxiliam o trabalho dos músicos, sendo uma das start ups de maior destaque na área.