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Tagore por um psicodélico mais universal

Banda Tagore, do artista homônimo, lança o segundo disco em show do Festival No Ar Coquetel Molotov

Deputado federal Augusto Coutinho (SD-PE) será o líder de seu partido em 2019Deputado federal Augusto Coutinho (SD-PE) será o líder de seu partido em 2019 - Foto: Divulgação

Nome da glândula loca­li­zada entre os dois he­misférios do cérebro humano, a pineal não cos­tuma ter funções cientifica­mente comprovadas em a­dultos. Porém, em algumas cul­turas holísticas é considera­da uma espécie de terceiro olho que permite a conexão com planos mais sutis da vi­da, de onde parecem ter saído as músicas que integram o segundo álbum da banda pernambucana Tagore. O novo trabalho que chega nesta sexta-feira às lo­jas e plataformas de streaming leva este nome. Lançado pelo selo Novíssima Música Brasileira, da Sony Music, o disco tem show de estreia neste sábado, dentro do festival No Ar Coquetel Molotov, na Coudelaria Souza Leão, a partir das 13h, com shows come­çando às 15h (Tagore sobe ao palco às 17h).

“Batizei o disco assim porque considero o processo criativo uma coisa meio mediúnica, não tenho como ter controle sobre as ideias e saber quando vou conseguir fazer uma música legal”, explica o compositor Tagore Suassuna, que assina todas as faixas e lidera o grupo fundado com o multi-instrumentista João Cavalcanti. Os dois gravaram, produziram e mixaram o ál­bum em 6 meses no home estúdio montado em um apartamento de Boa Viagem. Induzido pelo fim de um longo relacionamento pouco antes de iniciar a criação do disco, Tagore discorre ao longo de 12 faixas sobre rompimentos e mudanças que o passar do tempo traz, como fica evidente em uma das canções mais redondas do disco, intitulada “Pasto”.

“Metade do que eu queria viver ficou bem na metade do caminho e como eu queria vi­ver, metade se foi e modificou”, dizem os versos. “As letras fo­ram feitas em um período de mudança pessoal, de som e de habitação. Tudo era efême­ro e transitório naquele mo­mento, porque existe ali uma vontade de mudar ou um reconhecimento de estar mudando”, observa ele, que vive em Recife e São Pau­lo. Para quem acompanha o trabalho do artista des­de o primeiro álbum “Movido a Va­por”, uma das transições mais notórias é na sonoridade do grupo, que se destacou no cenário nacional pelas referências a Alceu Valença, Lula Côrtes e Ave Sangria.
No entanto, a psicodelia sai do regional para o universal, como já vinha sendo adiantado nos singles “Mudo” e “Pineal”, que trazem uma abordagem mais pop. “Além da influência de coisas antigas daqui, também temos da parte externa, como Beatles e Pink Floyd, e mais recentes, como Tame Impala e Unknown Mortal Orchestra. Essas duas nos inspiraram muito a resgatar as referências e reinventá-las da nossa maneira”, explica o compositor, que con­tou com um reforço com as colaborações do guitarrista Benke Ferraz e vocalista Fernando Al­meida da banda goiana Boogarins. Os dois também irão participar do show deste sábado.
Dentre as faixas que têm os convidados estão “Reflexo” e “Dr. Monday”. Essa última, deixa claro que, a­pe­sar dos arranjos mais progres­sivos, Tagore man­tém a poética popu­lar nor­destina. A voz, por sua vez, assume um caráter mais etéreo, chegan­do a soar dobrada. “Talvez essa mudança mais recente seja uma reação a essa rotulação tão constante que a gente teve. Quando me sinto obrigado a alguma coisa, eu já me sinto um incomodado”, diz Tagore.

 

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