Televisão

'Órfãos da Terra' chega ao fim nesta sexta após perder fôlego no meio

Enredo documental e imagens realistas sensibilizaram o público e a crítica para a causa dos refugiados

Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalavia)Jamil (Renato Góes) e Laila (Julia Dalavia) - Foto: Paulo Belote/TV Globo

A novela "Órfãos da Terra" (Globo), que chega ao fim nesta sexta-feira (27), começou com tudo em abril. Enredo documental e imagens realistas sensibilizaram o público e a crítica para a causa dos refugiados. O romance entre Laila (Julia Dalavia) e Jamil (Renato Goes) e a luta do casal contra o vilão Aziz (Herson Capri) conduziu a história dos árabes que fugiram do conflito na Síria e chegaram ao Brasil.

A audiência começou perto dos 22 pontos no Ibope e se manteve próxima a essa média ao longo da trama (na Grande São Paulo, cada ponto equivale a cerca de 73 mil domicílios), índice melhor que o da antecessora, "Espelho da Vida", que fechou abaixo dos 20 pontos.

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Apesar do impacto que a trama causou no início, a história começou a se perder já em meados de maio. Com a morte precoce de Aziz, a vilania foi herdada por Dalila (Alice Wegmann), que passou os dias (ou os capítulos) bolando maldades infantis contra os mocinhos, segundo escreveu o crítico do UOL Maurício Stycer. "Teve direito a todos os clichês, como golpe da barriga e falso teste de DNA", lembrou Stycer. Laila também "ficou só sofrendo".

Mas o fôlego que se perdeu no meio do caminho foi retomado nesta reta final -especialmente com as surpresas armadas por Dalila-, e alguns capítulos desta e da última semana bateram os 26 pontos.

IDENTIDADE PERDIDA
A identidade das autoras Thelma Guedes e Duca Rachid, que selaram sucessos como "Cordel Encantado" (2011) e "Joia Rara" (2013), não ficou marcada em "Órfãos da Terra", de acordo com Claudino Mayer, especialista em TV. Ele lembra que a dupla criou a história para ser exibida no horário das 21h, depois das 23h, e acabou definida para as 18h. "Nisso, elas se perderam um pouco", avalia Mayer.
Mas o que mais prejudicou o andamento da trama, ele diz, foi a ingenuidade na construção da vilã Dalila. "Ela fazia planos cheios de falhas e nem a polícia conseguia descobri-la. Foi ingênuo e simplista."

Uma aposta original das autoras diz respeito ao casal protagonista Laila e Jamil: eles não estiveram em busca do amor ao longo da trama, pois o encontraram no início da novela. "O público torceu para que o casal continuasse junto, apesar de todas as investidas da vilã", diz o especialista.

Há, no entanto, quem defenda o perfil de Dalila. Para Mauro Alencar, especialista em teledramaturgia , a vilania mais ingênua é característica de uma trama das seis."A novela tem essa característica documental, como que saída das notícias de jornal, e folhetinesca. Por mais documental e realista que se pretenda, é uma criação literária, dramática, uma encenação. Daí a presença da vilania, por sinal muito bem posta para uma trama destinada a esse horário", afirma.

TONS DE COMÉDIA
O sucesso do núcleo cômico é uma avaliação unânime. As brigas entre os vizinhos Bóris (Osmar Prado) e Mamede (Flavio Migliaccio) trouxeram a leveza necessária a uma trama que se propõe a discutir temas sérios e pesados.

As duas famílias brigaram por causa dos cachorros e pelo amor proibido dos netos, Ali (Mouhamed Harfouch) e Sara (Verônica Debom), e a confusão ficou ainda melhor com Ester (Nicette Bruno) e seu filho Abner (Marcelo Médici).

O último capítulo é um mistério. Após o tão aguardado beijo lésbico entre as personagens Valéria (Bia Arantes) e Camila (Anaju Dorigon), essa última levou um tiro de Dalila, que na fuga também acabou ferida pela polícia. Quem vai viver ou morrer será revelado apenas nesta sexta.

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