Terceira peça cancela participação no festival Janeiro de Grandes Espetáculos
Companhia teatral Amaré iria apresentar 'Espera o Outono, Alice', mas retirou-se em protesto pela censura sofrida pela peça 'O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu'
O grupo de teatro Amaré anunciou, na manhã desta segunda (31), a sua retirada do festival Janeiro de Grandes Espetáculos. Trata-se da terceira companhia teatral a sair da grade da programação, em resposta ao cancelamento das apresentações do polêmico monólogo "O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu", no qual a atriz transexual Renata Carvalho interpreta Jesus Cristo. A Amaré iria encenar "Espera o Outono, Alice" no dia 24 de janeiro.
Antes da Amaré, no domingo (30), o ator e produtor Cleyton Cabral havia suspendido a apresentação de "Solo de Guerra", prevista para o dia 26. A primeira companhia teatral a realizar o ato de protesto foi o Trema - Plataforma de Teatro, na quinta-feira (27). O Trema iria apresentar o espetáculo "Altíssimo" no dia 11.
O espetáculo de Renata Carvalho estava previsto para entrar em cartaz nos próximos dias 12 e 13, mas foi retirado da grade após intensa pressão dos segmentos político e religioso. Segundo Cleyton Cabral, outras companhias teatrais estão discutindo conjuntamente para decidir se também vão se retirar do festival, que completa 25 anos de existência em 2019.
Leia também:
'Altíssimo' deixa o Janeiro de Grandes Espetáculos em apoio à peça censurada
'Solo de Guerra' também sai do Janeiro de Grandes Espetáculos
Peça 'O Evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu' é cancelada no Janeiro de Grandes Espetáculos
A reportagem da Folha de Pernambuco procurou a Associação dos Produtores de Artes Cênicas de Pernambuco (Apacepe), que organiza o festival, mas eles se limitaram a informar que as atrações canceladas não serão substituídas e que seu posicionamento está resumido na carta aberta divulgada no dia 27, logo após a saída do Trema.
O texto afirma que a direção do festival se viu obrigada a retirar a peça da programação, uma vez que o espetáculo seria realizado em um teatro público e devido à pressão da bancada evangélica de Pernambuco.