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Um road movie peculiar: “Capitão Fantástico” chega aos cinemas do Recife

Filme emociona com trama sobre família excêntrica que enfrenta mudança

Carteira de trabalhoCarteira de trabalho - Foto: Rafael Neddermeyer/Fotos Públicas

Com duas semanas de atraso em relação ao lançamento nacional, o longa-metragem “Capitão Fantástico” chega nesta quinta-feira (5) às salas do Recife. Na trama, Viggo Mortensen (“O Senhos dos Anéis”) interpreta Ben, homem que decide criar seus seis filhos nas florestas frias do noroeste norte-americano.

Até mesmo o nome das crianças revelam a excentricidade do personagem: Bodevan, Kielyr, Vespyr, Rellian, Zaja e Nai. Mais tarde, descobrimos que os nomes foram criados para que cada filho fosse único no mundo. À primeira vista, Ben parece uma mistura de paizão carinhoso, professor de Humanas e hippie moderno. O filme, no entanto, deixa claro que nem ele nem sua família vivem como selvagens. Sim, eles aprendem a caçar o próprio alimento e a se virar em situações limite, mas também vivem a estudar sobre a história do mundo e obras de autores importantes como Dostoiévski e Noam Chomsky. Ben estimula seus filhos não apenas a atingirem o ápice de suas formas físicas, mas também mentais, não raro aplicando testes surpresa sobre o conhecimento das crianças em assuntos variados.

Em nenhum momento do filme descobrimos o que Ben fazia antes de largar a vida na cidade grande, ou o que motivou tal mudança. O que coloca a trama em movimento é o falecimento da mãe das crianças, que também morava na mata, mas acabou se suicidando em decorrência de problemas mentais. Sua família, contrária ao estilo de vida levado pelo casal, decide enterrá-la, obrigando Ben e os filhos a partir em uma viagem rumo à cidade grande para honrar seu último desejo de ser cremada como budista.

O filme realiza com competência a tarefa de fazer o espectador conhecer e se relacionar com cada personagem. Vale lembrar, são seis filhos, mas cada um com suas peculiaridades e pequenos momentos cômicos que se destacam da trama mais séria. O que poderia parecer uma premissa um tanto absurda, com o roubo de um cadáver, se transforma num “road movie” (ou “filme de estrada”) que em vários momentos emociona e faz refletir.

Um defeito grave, mas que não prejudica o brilho da trama, é a indecisão sobre qual tipo de bandeira o filme quer defender. No começo, a narrativa não deixa dúvidas de que o modo de vida de Ben seria mais “correto” ou, pior ainda, com uma crítica incisiva ao consumismo exagerado da sociedade moderna. “Papai, por que eles são tão gordos? Parecem hipopótamos!”, aponta uma das filhas, ao adentrar uma lanchonete fast food. Nos atos finais do filme, no entanto, a perspectiva parece mudar, se alinhando mais com a família da esposa de Ben, principalmente o sogro conservador, vivido por Frank Langella. É nesta parte que vemos que as escolhas de Ben, em contrapartida, também podem colocar a segurança dos filhos em risco, e a chance de eles levarem uma vida “normal”.

A atuação de Viggo rendeu uma merecida indicação ao Globo de Ouro, também possibilitando chances para o Oscar. No geral, um filme competente e bem executado, que vai fazer você se emocionar até com uma música do Guns N’ Roses.

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