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'Vamos enfrentar muita m... no Brasil', diz Wagner Moura sobre filme de Marighella

Wagner Moura apresentou seu primeiro filme como diretor, sobre os últimos anos de vida de um guerrilheiro de esquerda, no Festival de Berlim

"O filme não é resposta a nenhum governo específico", disse Moura aos jornalistas"O filme não é resposta a nenhum governo específico", disse Moura aos jornalistas - Foto: Reprodução/Instagram

"Vamos enfrentar muita merda quando voltarmos ao Brasil", disse Wagner Moura, três horas antes de exibir seu primeiro filme como diretor, "Marighella", no Festival de Berlim. Ele se referia à repercussão que o longa vai gerar ao estrear no país. A história acompanha os últimos anos de vida do guerrilheiro de esquerda que pegou em armas contra a ditadura militar.

A obra ainda não tem data de lançamento nos cinemas brasileiros. Em conversa com os jornalistas na capital alemã, a produtora Andrea Barata Ribeiro afirmou ter ouvido de responsáveis pela distribuição do título, que "o momento não é adequado". "Mas a gente acha que é totalmente adequado. E se necessário, faremos um lançamento independente", disse.

Procurado pela Folha de S.Paulo, o dono da distribuidora Paris Filmes, Márcio Fraccaroli descartou que o temor político explique essa indefinição. Segundo disse, via assessoria, o calendário de lançamentos "por ora está muito competitivo". "Tal qual diversos outros filmes ainda sem data de estreia definida, decidiremos o melhor momento".

Estreia de Wagner Moura na direção, "Marighella" traz Seu Jorge no papel-título. A história, bastante radical, mostra como o revolucionário e seus jovens seguidores partiram para a guerrilha urbana e enfrentaram o aparato do governo militar, materializado na figura de um policial sanguinolento interpretado por Bruno Gagliasso. Em sua sessão de imprensa, realizada na quinta (14), a obra foi aplaudida.

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Na conversa com jornalistas de vários países, no dia seguinte, predominaram perguntas sobre as relações entre o que o filme mostra o atual momento político do país. "O filme não é resposta a nenhum governo específico", disse Moura. "Obviamente, pode ser lido assim até por ser um dos primeiros produtos culturais do Brasil que está em contraste com o grupo que está no poder."

Para Moura, o país vive hoje "uma situação horrorosa", com um presidente "abertamente racista e homofóbico." Ele também foi indagado sobre o excesso de cenas que mostram a brutalidade policial contra pessoas, principalmente negros.

"Mas o Estado brasileiro é racista. Cinquenta anos depois de Marighella, outra negra foi assassinada num carro [a vereadora Marielle Franco]. A violência do Estado é a mesma da época que se vê nas favelas contra negros. A polícia não tenta proteger os cidadãos, mas o Estado."

Falando sobre como o filme aborda a questão racial, Gagliasso citou sua filha, que é negra. "Sei da importância desse filme para a minha filha no futuro", disse, e ficou emocionado.

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