Victoria Amelina: quem era a escritora ucraniana morta após míssil atingir pizzaria em Kramatorsk
Premiada autora de romances, ela deixou de escrever após a invasão russa no ano passado; por último, se dedicava a documentar crimes de guerra
Morreu, neste domingo (2), a escritora ucraniana Victoria Amelina, aos 37 anos, após um míssil atingir o restaurante Ria Lounge, em Kramatorsk, no leste do país, na terça-feira. Ela estava entre as 60 pessoas feridas no bombardeio, que deixou 12 mortos no local, e estava internada em estado grave.
O incidente foi um dos mais sérios desde o breve motim do grupo paramilitar Wagner no último fim de semana.
O restaurante onde Victoria estava é um dos mais populares de Kramatorsk. Ela estava acompanhada de uma delegação de jornalistas e escritores colombianos quando o estabelecimento foi atingido, na noite de terça-feira.
Victoria foi uma romancista, ensaísta, poetisa e ativista de direitos humanos ucraniana baseada em Kiev. Ela ganhou o Prêmio Joseph Conrad de Literatura por suas obras em prosa, incluindo os romances Dom's Dream Kingdom e Fall Syndrome, e foi finalista do European Union Prize for Literatura e o Prêmio Mulheres nas Artes da ONU.
A ucraniana parou de escrever após a invasão russa, em fevereiro do ano passado. Victoria passou a se dedicar a documentação de crimes de guerra. Ela atuava com a Truth Hounds, uma ONG investiga graves violações de direitos humanos durante o conflito armado na Ucrânia.
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A autora também criou o Festival de Literatura de Nova York, que aconteceu em um vilarejo chamado Nova York em Bakhmut, na região de Donetsk. Ela trabalhava, recentemente, em um projeto de não-ficção, Looking at Women Looking at War: War and Justice Diary (Olhando para as mulheres que observam a guerra: diário de guerra e justiça, em tradução livre).
Após o bombardeio, quando a escritora estava internada, um comunicado do clube de escritores PEN Internacional afirmou que ela estava sendo “tratada por médicos experientes, apoiada por sua família e amigos, e bem abastecida com todos os itens essenciais”. Além disso, lembraram que não havia necessidade “de arrecadar dinheiro extra”.
“Os russos sabiam muito bem que o Ria Lounge era um lugar popular na linha de frente de Kramatorsk, onde as pessoas se reuniam para jantar e socializar. Eles sabiam muito bem que como resultado desse ataque haveria muitas vítimas, mas cometeram esse crime deliberadamente — não pela primeira vez, tanto durante esta guerra quanto nas anteriores”, afirmou a Truth Hounds, por meio de nota.