[Vídeo] No Dia da Bailarina, balé para viver e inspirar
Este 1º de setembro é o Dia da Bailarina; no Brasil, prática volta a ganhar adeptos, especialmente mulheres adultas
“Dança não é esporte, é arte”, interfere a professora Marisa Queiroga logo após uma das aulas de balé clássico que ministra em uma academia na Zona Sul do Recife. Ministra, do verbo ministrar, que para o Aurélio quer dizer: prestar, fornecer, conferir, inspirar. Sob a música clássica que tempera o ambiente, Marisa canta o nome dos passos, pausadamente, em bom francês, guiando alunos que estão ali para viver o balé sem o compromisso profissional, mas com o prazer de quem faz o que gosta.
Marisa nem sabia que este 1º de setembro é o Dia da Bailarina, mesmo sendo uma há 40 anos. Aos 59, responsável por oito turmas de balé clássico, tem físico invejável, postura elegante e o passear leve que se espera de alguém como ela. “A maioria dos meus alunos vem aqui para retornar à dança. Mas há também os que vêm pela atividade física e para realizar o sonho de ser bailarina, pela ‘querência’ de aprender balé”.
A professora está certa. Uma das alunas, Conceição Robalinho, 41, não fez balé quando criança apesar da vontade que tinha. “Esta foi a oportunidade e eu me identifiquei. Quando sabem que eu faço balé clássico, as pessoas acham o máximo. Pra mim, muita coisa melhorou: resistência, respiração, força e equilíbrio”, enumera.
Há ainda quem vá mesmo por esse reencontro ao qual se refere Marisa. Para Ana Maria Gatis, voltar ao balé é reviver seus 15 anos e a mãe, Betsy Gatis, a primeira professora de balé de Pernambuco. “Nasci dançando, mas, mocinha, você se casa, tem filhos e deixa”, conta. Quando descobriu que havia aulas para a terceira idade, Ana Maria decidiu reatar as sapatilhas. Faz quatro anos dessa volta que dá viço aos seus cerca de 70 anos. “Balé, pra mim, é vida. Fisicamente, fortalece os músculos, normaliza a pressão (sanguínea). Voltar foi a maior alegria da minha vida”, relata, sentada no chão da sala enquanto os colegas posam para fotos. A história segue: “Mamãe era uma bailarina maravilhosa, foi inclusive homenageada em vida”, relembra. Betsy Gatis faleceu em 17 de abril de 2012, aos 92 anos.
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Cibelle Figueiredo é uma reestreante também. Empresária e mãe de três filhos, ela diz que sempre gostou de balé clássico e ressalta que a prática reforça a autoestima e a liberdade. “Tudo que é feito com prazer faz você se sentir bem e realizado. Você sente o corpo alongado, mas é mais que uma atividade física”, descreve. Também aluna de Marisa, a arquiteta Bruna Souto, 24, ressalta benefícios para flexibilidade. “Ajuda na musculação, na postura. Você fica mais elegante”.
O único homem da turma é Jonatan Timothy, 30 anos, funcionário público e, para as colegas, um "bailarino profissional". Começou na adolescência, já sob a liderança de Marisa Queiroga, ensaiando e se apresentando em espetáculos. Ele não é o “tipo bailarino” (magro, de aparência leve, digamos), mas seu corpo encaixa nos passos e tem a chancela do porte, da altivez. “Sentia muita falta e procurei por Marisa. Retornei há dois anos. Procurei fazer exercícios, outras atividades, mas dança é dança. É seu momento ali”, diz, enaltecendo também os benefícios mentais do balé clássico. “Quando você se descobre na dança, outras atividades só complementam. Tem que ser dança”.
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