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CINEMA

"Virgínia e Adelaide": filme exalta as duas mulheres "criadoras" de um marco na saúde do País

Com elenco centrado em Gabriela Correa e Sophie Charlotte, filme estreia nesta quinta (8) nos cinemas

"Virgínia e Adelaide": cinebiografia estreia nesta quinta (8) nos cinemas"Virgínia e Adelaide": cinebiografia estreia nesta quinta (8) nos cinemas - Foto: Reprodução

A cinebiografia "Virgínia e Adelaide" retrata o encontro entre a alemã Adelaide Koch e a brasileira Virgínia Bicudo, abordando debates públicos atuais a partir das histórias de duas mulheres que são responsáveis pela fundação da psicanálise no Brasil.

O filme estreia nesta quinta-feira (8) nos cinemas brasileiros e conta com elenco concentrado apenas nas atrizes Gabriela Correa e Sophie Charlotte.

A trama do longa-metragem se passa na década de 1930, acompanhando a chegada de Adelaide (Sophie Charlotte) a São Paulo, após a médica e psicanalista judia fugir da perseguição do regime nazista na Alemanha.

No Brasil, ela se encontra com Virgínia (Gabriela Correa), mulher negra, professora universitária e pioneira nos estudos sobre racismo no País.

Inicialmente, Bicudo se torna a primeira paciente de Koch e, em seguida, ela vira a primeira psicanalista brasileira.
 



Através dessa união, "Virgínia e Adelaide", dirigido por Jorge Furtado e Yasmin Thayná, explora o relacionamento entre as duas e traz relevantes temas como o preconceito racial e de gênero, enquanto elas desenvolvem a psicanálise no Brasil.

Elenco de duas
Para aproximar o público da história negligenciada das protagonistas, Furtado (“O Homem que Copiava” e “Saneamento Básico, o filme”) e Thayná (dos curtas “Kbela” e “A vida é urgente”) optaram por uma escolha inusitada, mas que fez total sentido.

Os cineastas decidiram ter no elenco do longa apenas as atrizes Correa e Charlotte, que protagonizam todos os diálogos.

Em "Virgínia e Adelaide", as protagonistas são responsáveis por inaugurar e estabelecer a psicanálise no País, uma dinâmica que se assemelha ao processo de construção de suas personagens.

Em entrevista à Folha de Pernambuco, as duas atrizes falaram sobre a responsabilidade de levar essa história para o cinema.

"Enquanto a gente estudava, surgiam novidades, segredos, comentários e cartas. Então, tinha uma coisa meio detetive. Isso tudo foi me deixando muito entusiasmada e a fim de ‘nossa, agora eu quero que as pessoas conheçam essa história’", destacou Sophie Charlotte.

A atriz teuto-brasileira Sophie Charlotte ("Meu nome é Gal"), que é natural de Hamburgo, Alemanha, passou a infância entre a cidade europeia e Niterói, no Rio de Janeiro, o que certamente  auxiliou a criação da sua personagem.

Jorge Furtado e Yasmin Thayná realizaram um vasta pesquisa para a produção de "Virgínia e Adelaide", mas o material entregue para as atrizes não estava completo. Isso exigia que as intérpretes também buscassem investigar a história de suas personagens, o que aproximava elas dessas figuras tão importantes.

A brasileira Gabriela Correa (da série "Bom dia, Verônica"), atriz e cantora de teatro e cinema, falou da importância do filme para preservar o legado das fundadoras da psicanálise no Brasil.

"Chegou o momento da gente olhar para essas histórias e se reconhecer nelas, e repensar o nosso próprio momento, através dessas mulheres que foram tão visionárias, que incompreendidas ou pouco reconhecidas naquele momento’’, analisou Gabriela.

Ficção e história
As duas intérpretes desempenham bem a teatralidade do roteiro de Furtado (com colaboração de Thayná), que combina ficção e documentos históricos.

No filme, elas são restritas ao cenário único das sessões terapêuticas entre suas personagens. 

A relação entre psicanalista e paciente provoca uma série de indagações e monólogos, remetendo à dinâmica dessas terapias. 

"Virgínia e Adelaide" é intimista, por meio dos relatos pessoais de suas personagens, mas também revela a sua totalidade através de temas importantes, demonstrando ser um retrato universal.

O filme, assim como a psicanálise brasileira, é fruto desse encontro entre duas mulheres, responsáveis por um marco da saúde pública no País.

 

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