Economia

2021 ainda com cautela na economia

Especialistas explicam que, principalmente no início do novo ano, a economia ainda será desafiadora para o País

Construção civilConstrução civil - Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

O que mais se fala e se deseja atualmente é que o ano de 2021 seja melhor em todo o mundo. Percebemos então que a virada do ano vai ser de muitos pedidos. Diante de um 2020 tão conturbado, com isolamento, desemprego, cancelamento de eventos e tantas outras restrições, 2021 é muito aguardado para que possa trazer um cenário bem diferente, de mais esperança. Mas vai ser preciso esperar um pouco porque essa virada não será muito rápida. Até mesmo porque a vacina, no Brasil, só deve começar dentro do primeiro trimestre. Economicamente, especialistas acreditam que o início do novo ano ainda será preocupante, mas que pode ir se recompondo ao longo dos meses. Há também quem analise que 2021 ainda terá acúmulos econômicos do ano de 2020, por isso a conjuntura se torna bem difícil durante todo o 2021, ainda amargando o ano que passou.


Apesar das projeções do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021, no Brasil, ser de crescimento - o Banco Central estima alta de 3,8% no PIB de 2021 -, essa elevação será comparada a uma base muito baixa, pois o ano de 2020 deve fechar com PIB entre -4% e -5%. No entanto, isso já é uma luz de melhora, até porque mostra que o Brasil não vai no caminho da recessão. “O primeiro semestre de 2021 ainda vai ser muito difícil. Depois dessa queda que tivemos em 2020, o ano de 2021 ainda terá ‘resto’ da pandemia, a vacina lentamente no Brasil e sem auxílio emergencial. Em Pernambuco, por exemplo, o auxílio representou 36% da massa de rendimentos do trabalho”, analisou Tânia Bacelar, sócia da Ceplan Consultoria.


“No segundo semestre, quando a vacina estiver disseminada, vamos voltando à realidade. Mas o caminho para a retomada da economia mesmo é do investimento público, em diversas áreas, como infraestrutura e educação. E é essa economia que gera emprego. O orçamento do Governo Federal é muito pouco para o investimento em 2021 e do Governo de Pernambuco pode ser melhor para tomar empréstimo para investimento. Mas, por causa desse cenário, talvez o ano de 2021 seja mais desafiador que 2020 porque tivemos colchão de amortecimento em 2020, como o auxílio e medidas que ajudaram as empresas”, destacou Tânia.


O diretor da IPC Marketing, Marcos Pazzini, avalia um crescimento para o ano de 2021, mas um início de ano ainda preocupante. “2020 teve despesa maior com os gastos com a pandemia, o que não deve ocorrer em 2021. Por isso, a arrecadação será maior do governo, o que gera emprego, renda e consumo da família. Acredito que isso só comece a avançar a partir do segundo trimestre”, defendeu Pazzini, ao complementar que o setor do comércio que se prejudicou muito com a pandemia, deve ter a volta do consumo em 2021.


Para a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a perspectiva de maior crescimento da economia no próximo ano, em um ambiente de juros ainda baixos para o padrão histórico do País, leva a entidade a projetar avanço de 4,2% no comércio varejista em 2021.


Dentro do setor industrial, a recuperação pode ser em tempos diferentes, a depender do ramo. “Acredito que os setores que mais sofreram podem demorar mais a se recuperarem, apesar do setor têxtil, uma das exceções, que teve quedas significativas nos meses de abril e maio, já está em boa recuperação. Os ramos de bem durável acredito que podem demorar mais a se recuperarem. Mas o controle do contágio da Covid-19 e a chegada da vacina é o que pode definir o comportamento de 2021”, avaliou Maurício Laranjeira, gerente de Relações Industriais da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). Os ramos que sofreram mais, por exemplo, foram metalurgia e celulose e papel. Para 2021, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) projeta o PIB Industrial com crescimento de 4,4%.


Por outro lado, há especialista que projeta um pouco mais de cautela no cenário de 2021. “O governo gastou muito com o auxílio emergencial e outros recursos devido à pandemia da Covid-19, e esses gastos que serão levados para 2021. Isso perde níveis de investimento e o PIB fica comprometido com esses gastos. Se o governo continuar a gastar, o quadro fiscal ficará comprometido, podendo ter mais despesa do que arrecadação. Isso significa que o País perde investidores, o real desvaloriza”, analisou o economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio-PE), Rafael Ramos.


“Mesmo que o PIB cresça em 2021, é um crescimento numérico. Não é real porque a base de 2020 é baixa. Por isso, o cenário para 2021 é preocupante. E a geração de emprego vai ser uma das últimas a se recuperarem, principalmente porque no início do ano já há um movimento sazonal de redução de empregos, período em que empresas fazem demissões, que encerram os contratos temporários. A boa perspectiva é que a construção civil e a indústria estão gerando emprego, o que pode puxar a economia e melhorar o quadro”, ponderou Ramos.

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