Ação do TJPE ajuda consumidores a renegociar dívidas no Recife
Evento no Fórum Rodolfo Aureliano segue até esta quarta-feira (11) com presença de instituições financeiras e órgãos de apoio
Iniciou-se nesta terça-feira (10) no hall monumental do Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, no Recife, a segunda edição da ação social "Pulando a fogueira das dívidas – Um salto para a liberdade econômica". Promovida pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por meio do programa Proendividados, a iniciativa reúne credores como Neoenergia, Compesa, Serasa e Bradesco.
Além disso, instituições como o Sebrae/PE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e o Instituto Tavares Buril oferecem atendimento gratuito focado na renegociação de débitos, orientação jurídica e educação financeira.
A expectativa é superar os mais de 500 atendimentos realizados na edição anterior, segundo a gestora do Proendividados, Vivian Tavares.
"Mesmo com a chuva no início da manhã, estamos com tudo organizado e preparados para receber o público. Temos capacidade para atender todos que procurarem a ação", afirmou.
Vivian esclarece que não é preciso estar superendividado para participar; basta ser maior de idade e ter alguma dívida em aberto. Quem possui débitos com as empresas presentes no local é encaminhado diretamente para audiência e tentativa de acordo.
"A maior dúvida das pessoas é: ‘Estou em dívida, e agora?’. Muitas nem sabem exatamente a quem devem, por isso a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) também está disponível para ajudar com essa consulta", explicou.
Para a juíza Ana Paula Lira, coordenadora do Proendividados, o contato direto entre consumidor e credor representa uma oportunidade concreta de superar o endividamento sem comprometer o mínimo para viver.
"Essa ação do Tribunal de Justiça de Pernambuco oferece ao consumidor a chance de negociar diretamente com o credor, buscando soluções que não prejudiquem seu mínimo existencial", ressaltou a magistrada.
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Orientação
Além das audiências de negociação, o evento oferece orientações sobre planejamento financeiro e possibilidades de investimento.
A professora Laurileide Silva, do bacharelado de Ciências do Consumo da UFRPE, explicou que muitos endividados não sabem como sair da situação ou controlar suas despesas. "Orientamos sobre formas de gerar renda, reduzir custos, economizar e até investir", detalhou.
Ela alerta que o cartão de crédito é um dos principais vilões para quem não sabe utilizá-lo.
"O erro mais comum é deixar o cartão de crédito dominar seu orçamento. Ele não é uma renda extra. Se você não tem controle, é melhor nem ter cartão", enfatizou Laurileide, destacando que "muitos vivem como se o limite fosse dinheiro adicional, e isso leva inevitavelmente ao endividamento".
A especialista também ressaltou a importância de alinhar o padrão de vida à renda disponível, evitando o consumo impulsivo.
"Vivemos numa sociedade que incentiva o consumo, mas não ensina a controlar o orçamento. Quem deseja um padrão de vida mais elevado precisa aumentar sua renda primeiro, não se endividar na expectativa de conseguir pagar depois", alertou.
A professora ainda destacou a relevância da parceria entre a universidade e o TJPE.
"Há mais de cinco anos atuamos juntos. Sempre que há eventos como este, unimos forças para proteger o consumidor. É uma parceria ideal: enquanto a universidade contribui com educação, orientação e pesquisa, o Tribunal oferece conciliação, mediação e suporte jurídico", completou.
Consumidores
Na ação, consumidores compartilharam suas histórias com a reportagem. A confeiteira Cynthia Arruda procurou o mutirão para negociar uma cobrança da Neoenergia (CELPE) referente a um consumo que ela afirma não ter realizado.
"Soube do mutirão aqui no fórum e vim direto. Minha expectativa é resolver o problema e deixar tudo certo. Já reclamei na CELPE, mas não aceitaram. Essa é a primeira vez que tento negociar", relatou Cynthia.
O operador de caixa Celso Lopes descobriu a ação pela internet enquanto pesquisava como quitar uma dívida com o Bradesco.
"Espero resolver essa pendência e aprender a não me endividar novamente. Estou aqui há pouco tempo e o atendimento está rápido, espero que continue assim", comentou.
Ele ainda destacou a dificuldade com os juros.
"Os juros do cartão de crédito são altíssimos, um dos maiores do mundo. Por isso, não consegui resolver antes; não quero pagar um valor que não consigo arcar. Acho isso injusto."
A ação segue até esta quarta-feira (11), das 9h às 12h, no mesmo local. Caso o número de participantes ultrapasse a capacidade de atendimento diário, a equipe do TJPE agendará novas datas para garantir que todos sejam atendidos