Economia

Ações da Embraer despencam 14% na abertura da Bolsa e negociações são paralisadas

Membros da área econômica do governo de Jair Bolsonaro consideram que a busca de negociações com a China pode ser a saída para a companhia brasileira

Bolsa Bolsa  - Foto: Miguel Schincariol/AFP

As ações da fabricante brasileira de aviões Embraer caíram 14%, a R$ 7,12, na abertura da Bolsa brasileira nesta segunda-feira (27), após o acordo de compra da área de aviação civil pela Boeing ser cancelado no sábado (25). A forte queda em poucos minutos de pregão levou a negociação do papel a ser paralisada, no chamado leilão de ações, quando as ordens de compra e venda são suspensas por cinco minutos. Já o Ibovespa sobe 2,4%, a 77 mil pontos, por volta das 10h30.

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Neste ano, com a pandemia do coronavírus e o impacto da crise do 737 MAX da Boeing, a Embraer se desvaloriza 58%, passando de um valor de mercado de R$ 15 bilhões para R$ 6 bilhões. "Para a companhia brasileira, a situação reforça nossa visão negativa, visto que os pedidos de aeronaves continuam aquém do esperado e a joint venture com a Boeing poderia trazer certo alívio financeiro para a companhia. Com isso, não descartamos uma possível necessidade de capitalização da companhia para suportar o período adverso", diz relatório da Guide Investimentos.

O anúncio de cancelamento foi feito pela Boeing, que afirmou ter rescindido o contrato porque a fabricante brasileira não teria cumprido todas as suas obrigações para executar a separação da sua linha de aviões regionais. Logo depois, a Embraer divulgou nota acusando a Boeing. "A Embraer acredita firmemente que a Boeing rescindiu indevidamente o MTA (Acordo Global da Operação) e fabricou falsas alegações", diz o texto, que cita dificuldades financeiras da Boeing, embora a empresa negue que sejam o motivo da rescisão.

A Embraer anunciou nesta segunda, via fato relevante, que abriu um procedimento de arbitragem acerca da rescisão do acordo com a Boeing. O documento não informa, contudo, se haverá também uma ação judicial em corte brasileira ou americana. O acordo entre as empresas era costurado desde 2017 e elas tinham até a meia-noite da última sexta (24) para fechá-lo acordo em termos técnicos, o que não ocorreu.

"A Boeing trabalhou diligentemente nos últimos dois anos para concluir a transação com a Embraer. Há vários meses temos mantido negociações produtivas a respeito de condições do contrato que não foram atendidas, mas em última instância, essas negociações não foram bem-sucedidas", disse Marc Allen, presidente da Boeing para a parceria com a Embraer e operações.

Após o fracasso da operação, membros da área econômica do governo de Jair Bolsonaro consideram que a busca de negociações com a China pode ser a saída para a companhia brasileira. A disponibilidade de recursos e o potencial de crescimento do mercado asiático são vistos como facilitadores desse processo.

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