Dom, 07 de Dezembro

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Banco Central ainda precisa de muito esforço para fazer inflação cair a 3%, diz Galípolo

Ele afirmou que, mesmo com queda do dólar, BC se mantém vigilante em relação à inflação diante de incertezas externas

Banco Central do BrasilBanco Central do Brasil - Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo disse que, mesmo com a taxa básica de juros da economia (Selic) em 15%, a economia brasileira se mostra resiliente. Por isso, disse Galípolo, há muito esforço a ser feito pela autoridade monetária para fazer com que a inflação brasileira caminhe para a meta estabelecida de 3%.

— Por onde você olha, encontra indícios de uma economia resiliente, especialmente a economia de serviços, mercado de trabalho, contas externas. O Banco Central vai consumir esses dados e ver como será possível convergir a inflação para a meta — disse Galípolo, que participou nesta segunda-feira do Macro Vision, evento do Itaú BBA, que discute tendências econômicas e políticas para o país.

Galípolo lembrou que nunca se teve no país um mercado de trabalho tão exuberante, pelo menos na últimas três décadas, com reformas que podem explicar esse dinamismo. Ele disse, entretanto, que há dados que sinalizam a suavização da atividade econômica, com a queda do dólar que tem impacto positivo para o preço dos alimentos, por exemplo, mas que é importante o Banco Central siga "sem se emocionar".

— O Banco Central nunca olha só para uma variável para a tomada de decisão em relação aos juros, mas sim para um conjunto de dados — afirmou Galípolo, lembrando que tanto as expectativas futuras de inflação estão desancoradas "e isso incomoda", e a própria inflação corrente está acima da meta.

Sobre o patamar de 15% da Selic ser elevado, Galípolo lembrou que o Banco Central nunca falou algo diferente disso, especialmente, quando se compara a taxa de juros brasileira com outros países.

— O BC jamais falou algo diferente (de que a taxa de 15%) não fosse alta. Especialmente quando se compara com outros países ou com a série histórica. Mas é importante lembrar que o BC recebe o comando legal para colocar a inflação em 3%, que é a meta. Não para colocar a inflação na média de outros países emergentes. E o que vemos é que a trajetória de convergência é lenta, dado o grau de incertezas que temos hoje. Portanto, há muito esforço a ser feito pelo Banco Central — disse, garantindo que o BC vai permanecer sereno em relação à busca da meta e que não há atalhos para isso.

O Banco Central decidiu manter a Taxa Selic em 15% ao ano no Comitê de Política Monetária (Copom) de setembro, com apoio unânime da diretoria liderada por Gabriel Galípolo. A taxa já havia ficado estável na última reunião, em julho. O nível dos juros básicos é o maior em 19 anos, desde julho de 2006. A sinalização da autoridade monetária é que a taxa de juros deve ficar neste patamtar por um período longo, provavelmente até 2026.

Em relação ao tarifaço de Donald Trump, a primeira discussão era sobre o impacto no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, e não sobre inflação, disse Galípolo.

— Mas se estas elevações de preços vierem picotadas podem produzir um pouco mais de inflação — afirmou o presidente do BC.

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