Economia

Bolsonaro cobra Guedes a entregar crescimento mínimo de 2% neste ano

Como resposta, o ministro afirmou que será possível atingir, ou até superar, o percentual

Presidente Jair BolsonaroPresidente Jair Bolsonaro - Foto: Flickr/Palacio do Planalto

O ministro da Economia, Paulo Guedes, enfrenta desgastes com o presidente Jair Bolsonaro e passou a ser cobrado por resultados. Alçado a superministro no começo do mandato, Guedes tem sido pressionado, desde o início deste ano, a mostrar seus feitos na economia.

Diante de um pessimismo com a redução da projeção do PIB (Produto Interno Bruto), o presidente reforçou a Guedes a necessidade de que, neste ano, a atividade econômica cresça, no mínimo, 2%. Segundo assessores presidenciais, Bolsonaro fez o pedido a Guedes em uma reunião nesta semana. Como resposta, o ministro afirmou que será possível atingir, ou até superar, o percentual.

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No entanto, a resposta não tranquilizou o presidente. Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central, mostrou na segunda-feira (17) que as projeções do mercado para a economia brasileira caíram. A expectativa de crescimento passou de 2,30% para 2,23%.

A queda na projeção gerou incômodo na própria equipe econômica. Enquanto isso, apesar do surto de coronavírus na China, a Bolsa brasileira segue em alta. Neste ano, subiu 0,75% -o suficiente para manter o patamar dos 114 mil pontos. Na contramão, o dólar subiu 9,4%, o que preocupa. Nesta quinta-feira (20), fechou a R$ 4,392.

Desde o início do ano, em conversas reservadas, Bolsonaro tem demonstrado preocupação com um crescimento fraco e os indicadores econômicos neste ano.
O presidente tem ainda repetido que é a principal missão de Guedes garantir um patamar que sinalize que será possível terminar o mandato com uma recuperação sólida da economia brasileira.

O ministro é o seu "Posto Ipiranga" na economia desde a eleição. O receio do presidente, segundo assessores palacianos, é que um indicador fraco neste ano possa levar empresários e investidores a perder o otimismo com o governo. Nesse cenário, ele teme que atuais aliados no setor produtivo e no mercado financeiro flertem com candidaturas de oposição para 2022.

Entre os nomes para a próxima disputa presidencial ganham destaque o governador João Doria (PSDB) e o apresentador de TV Luciano Huck. Além disso, Bolsonaro teme que dados negativos, como desemprego alto -em janeiro, a taxa fechou em 11% (11,6 milhões de desempregados)- e crescimento baixo, possam ser explorados por adversários políticos nas eleições municipais deste ano.

Isso poderia eleger candidatos de esquerda e dar força ao discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal adversário político. O presidente já disse que não pretende se envolver nos pleitos municipais. Porém, ele já confidenciou a deputados aliados que poderá participar das disputas regionais se for necessário fazer uma defesa enfática de sua administração.

Segundo ministros palacianos, Bolsonaro reconhece que Guedes ajuda na credibilidade de seu governo e que sua saída poderia ser traumática. O presidente, no entanto, considera que o "Posto Ipiranga" precisa apresentar resultados mais concretos e evitar declarações polêmicas que causem desgaste à imagem do governo.

Na terça-feira (18), em cerimônia no Palácio do Planalto, o presidente mandou um recado público a Guedes. Ele disse que o ministro "tem alguns problemas pontuais".
Para amenizar, disse que ele "sofre ataques mais pela sua competência do que por possíveis pequenos deslizes". "E eu já cometi muitos, muitos no passado. O Paulo não pediu para sair. Aliás, eu tenho certeza de que, assim como um dos poucos que eu conheci antes das eleições, ele vai ficar conosco até o nosso último dia", afirmou.

A chamada pública foi feita após o presidente ter se irritado com declaração do ministro, feita na semana passada, sobre empregadas domésticas. Ele disse que, quando o dólar estava baixo, elas viajam à Disney, "festa danada". A frase se somou a outra trapalhada do ministro, que foi bastante criticada no Planalto.

Ele chamou servidores públicos de parasitas em meio à negociação de envio de uma reforma administrativa que enfrenta resistência junto ao Poder Legislativo. Para tentar contornar o quadro, interlocutores do presidente chegaram a procurar Paulo Geudes para que o ministro fizesse um pedido público de desculpas.

No início, ele resistiu, mas, nesta quinta, acabou cedendo à pressão. "Eu peço desculpas se tiver ofendido", disse o ministro durante cerimônia no Planalto.
Ele acrescentou, entretanto, não ver problema em fazer a referência.

A articulação para que Guedes pedisse desculpas ocorreu após o setor de mídias digitais do Palácio do Planalto ter constatado que a declaração foi criticada até mesmo por perfis identificados com a direita, ou seja, de apoiadores do presidente.
O movimento foi identificado também pela empresa de dados Arquimedes. Segundo o analista e sócio da companhia Pedro Bruzzi, nem o núcleo duro de apoio ao presidente saiu em defesa do ministro nos canais digitais.

A empresa também constatou que alguns perfis identificados com a política econômica do governo também desaprovaram declarações do ministro sobre a política cambial. "A avaliação foi a de que, para esses perfis, ele não tem sido liberal o suficiente e que tem sido infeliz em suas declarações", explicou.

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