Economia

Brasil: desemprego segue em alta, superando os 13%

O aumento corresponde à estimativa média de 24 analistas consultados pelo jornal econômico Valor Econômico

Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) - Foto: Marcos Santos/USP Imagens

O índice de desemprego no Brasil superou pela primeira a barreira de 13%, situando-se a 13,2% no trimestre dezembro-fevereiro, em comparação 12,6% no trimestre anterior, informaram na sexta-feira (31) fontes oficiais.

O aumento corresponde à estimativa média de 24 analistas consultados pelo jornal econômico Valor Econômico.

O avanço marca um aumento anual de 3 pontos percentuais (10,2%) - um recorde considerando-se o início da atual série histórica em 2012 - e demonstra uma piora do mercado de trabalho.

No total, 13,5 milhões de pessoas se encontram em busca de um emprego, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Esse contingente registrou um aumento de 1,4 milhão de pessoas em relação ao trimestre setembro-novembro de 2016 e de 3,4 milhões em comparação com o mesmo período de um ano atrás.

Embora fosse esperado, o dado se soma a outros indicadores fracos, que obrigaram o governo de Michel Temer revisar em baixa suas previsões de crescimento em 2017, de um inicial 1% a apenas 0,5%, depois que o PIB sofreu uma contração de 3,8% em 2015 e de 3,6% em 2016.

- Comemorações prematuras -
Temer festejou neste mês o anúncio de que as contratações do setor privado formal registrarão em fevereiro o primeiro aumento líquido (+35.600 postos) desde março de 2015.

No entanto, no trimestre dezembro-fevereiro, o número de funcionários do setor formal caiu um 1% trimestral e 3,3% ao ano, totalizando 33,7 milhões de pessoas, de uma força de trabalho de 89,3 milhões de pessoas.

A melhora das contratações em fevereiro se trata de "um número real, que não supõe necessariamente uma curva", adverte Jason Vieira, da Infinity Assets Management.

"O desemprego vai continuar piorando" e pode chegar "até 14% no terceiro trimestre", acrescenta.

O emprego costuma ser um dos últimos parâmetros a registrar melhoras em processos de recuperação.

Isso se deve, segundo os analistas, tanto a hesitações das empresas para contratar como ao fato de que muitas pessoas voltam a buscar trabalho e a aumentar as listas de desemprego, quando há alguma perspectiva de encontrá-lo.

Por setor, no período dezembro-fevereiro, as maiores reduções trimestrais do emprego atingiram a administração pública e os setores de previdência social, saúde, educação e serviços sociais (-4,4%) seguidos pela indústria de modo geral (-2%).

Houve, entretanto, aumentos de efetivos nos setores de alojamento e alimentação (+3,5%) e informação, atividades financeiras e imobiliárias (+2,2%).

- Entre o corte de juros e o corte de gastos -
Entre os últimos dados que animaram o governo está a contração de 0,7% das vendas do varejo em janeiro e, na estimativa prévia de janeiro (índice IBC-BR), o PIB caiu 0,26% ao mês e 0,79% ao ano.

O governo também comemorou a forte queda da inflação nos últimos meses, e o Banco Central informou na quinta-feira que isso abre espaço para acelerar um corte da taxa de juros, atualmente em 12,25%. A medida é pedida por empresários e sindicatos como estímulo ao investimento e ao consumo.

No entanto, o ministro de Fazenda, Henrique Meirelles, não dá sinais de flexibilizar seus planos de ajuste de contas, e na quarta-feira anunciou um corte de gastos de 42,1 bilhões de reais para cobrir parcialmente o déficit das contas do governo.

Meirelles optou por essa solução, mas ainda não descartou posteriores aumentos de impostos. O ministro, junto com o presidente Temer, defendem ainda a necessidade de reformas, sobretudo na previdência e nas leis trabalhistas.

Para reativar a economia, Temer e Meirelles tem na agenda reformas que criam fortes resistências políticas e sociais, como a reforma da previdência e da legislação trabalhista.

Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas nesta sexta-feira para protestar contra estas medidas, como antecipação de uma greve geral convocada para abril pelos principais sindicatos.

As críticas vêm, inclusive, de seus próprios aliados no Congresso, que temem perder o cargo nas eleições de 2018, em um contexto político explosivo pelas denúncias de corrupção do caso Petrobras.

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