Brasil faz menos do que o necessário para promover inclusão e representatividade, diz Galípolo
Presidente do BC falou nesta segunda-feira no Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial, na Fiesp
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, disse nesta segunda-feira que o Brasil ainda faz menos do que o necessário para promover inclusão e representatividade. A declaração foi feita durante o Fórum Internacional de Equidade Racial Empresarial 2025, na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Galípolo citou iniciativas internas no Banco Central, como critérios que levam em conta a diversidade nos concursos públicos e a criação, em junho deste ano, do primeiro grupo interdepartamental dedicado a discutir políticas de diversidade. Ele também destacou que o BC só teve seu primeiro diretor negro em 2023, o atual diretor de fiscalização, Ailton Aquino dos Santos.
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— Minha sensação é que a gente fez muito pouco. Todos nós estamos fazendo muito pouco perante aquilo que precisa ser feito (para avançar na agenda de inclusão).
O economista lembrou que a formação da sociedade brasileira está ligada ao processo de escravização para atender a interesses econômicos da Europa, e que entre 35% e 40% das pessoas escravizadas retiradas violentamente da África foram trazidas ao Brasil.
— (O povo brasileiro) não surgiu como um povo que foi, a partir dele mesmo, crescendo para satisfazer as demandas e necessidades daquele próprio povo. Ele nasce, a partir da visão da Europa, como uma extensão de um sistema econômico para atender necessidades de uma demanda de uma outra sociedade, enquanto sistema produtivo [...] O Brasil foi destino de 35% a 40% dos seres humanos que foram tirados em condições violentas, escravizados da África, o que significa você ter uma fatia tão grande da sua população que era visto como um fator de produção, não como gente, não como um pedaço da sua sociedade, não como ser humano.

