Economia

Brasil vai defender revisão de subsídios agrícolas em agenda sobre comércio no G20

Bolsonaro desembarcou em Osaka, onde estreia no evento ao qual estarão presentes as lideranças das 20 maiores economias do mundo

Bolsonaro caminhou pelas ruas de Osaka, no JapãoBolsonaro caminhou pelas ruas de Osaka, no Japão - Foto: Alan Santos / PR

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) apresentará como uma das principais pautas econômicas ao G20 a inclusão dos subsídios agrícolas no debate sobre a reforma da OMC (Organização Mundial do Comércio). Bolsonaro desembarcou em Osaka, no Japão, nesta quinta-feira (27), quando estreia no evento ao qual estarão presentes as lideranças das 20 maiores economias do mundo. A necessidade de reforma da OMC e a busca por alternativas para reaquecer o crescimento dos países se mantêm como destaques nesta edição.

Com exportação fortemente concentrada em commodites, o Brasil deve se juntar a Argentina, Austrália, Canadá e Indonésia para defender que eventuais mudanças na OMC sobre a questão do protecionismo e subsídios dos governos não fiquem restritas à indústria, que está na pauta dos países ricos.

Esse tema não tem unanimidade entre os participantes e nem mesmo dentro dos próprios Brics, já que China e Índia oferecem uma série de facilidades para as produções agrícolas em seus países.

Leia também:
Ministro Heleno: prisão de militar é "desagradável" em momento do G20
Aprovação do governo Bolsonaro cai para 32%, diz Ibope

No caso brasileiro, uma revisão dos subsídios agrícolas poderia ajudar a destravar e levar à concretização do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, em debate há 20 anos. Esse é um dos pontos de divergência entre europeus e latino-americanos. O chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, não participará da reunião do G20 porque estará em Bruxelas, na Bélgica, para nova rodada de discussão com a UE.

A ausência de consenso sobre a questão do protecionismo foi transparecida em documento elaborado ao fim do encontro dos ministros da Economia e dos governadores dos bancos centrais do G20, no início de junho, em Fukuoka. O texto deve servir de base para a "Declaração de Líderes" ao fim da cúpula, comunicado que reflete os consensos alcançados pelo grupo.

"Muitos membros afirmam a necessidade de estreitar as regras internacionais em subsídios e dão boas-vindas aos esforços internacionais em curso para aprimorar as regras comerciais que afetam a agricultura. Muitos de nós destacaram os subsídios agrícolas e o acesso [abertura] ao mercado da agricultura", diz documento elaborado após o encontro do início do mês.

A preocupação com o tema pelo Brasil também foi destacada pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, ao comentar a participação de Bolsonaro na cúpula do G20. "A posição brasileira é que a reforma da OMC é necessária, pois as regras são de décadas atrás. O Brasil negocia qualquer tema, mas se tornarem mais restritas as regras para subsídios industriais, o Brasil vai propor regras para subsídios agrícolas", afirmou.

Ainda na área econômica, as reuniões devem tratar sobre economia digital, inovação e desenvolvimento sustentável, infraestrutura de qualidade e poluição dos mares, sobretudo pelo elevado descarte de plástico, tema que afeta fortemente o Japão, de prática pesqueira.

Como estreante, Bolsonaro deve ser um dos principais palestrantes em um dos sete temas de debate que tratará de inovação digital. O presidente deve levar exemplos brasileiros que tenham êxito na área.

A presidência japonesa ainda definiu como uma de suas prioridades o debate sobre a circulação de dados no mundo. A proposta é de haver um "fluxo livre de dados com confiança", numa tentativa de chegar a um meio termo entre a visão europeia e americana sobre o tema. Enquanto na Europa há maior rigidez sobre o tema do compartilhamento de informações pessoais, nos EUA, há uma tendência menos restritiva de um modo geral.

Veja também

BC: Posição cambial líquida está em US$ 238,373 bilhões
BRASIL

BC: Posição cambial líquida está em US$ 238,373 bilhões

Dívida pública federal sobe 2,25% em fevereiro, para R$ 6,595 tri, diz Tesouro
DÍVIDA

Dívida pública federal sobe 2,25% em fevereiro, para R$ 6,595 tri, diz Tesouro

Newsletter