Brics quer mudanças no FMI e no Banco Mundial
Proposta é ampliar participação e cotas de países emergentes no sistema financeiro internacional
Brics condena medidas que restringem o comércio global, a exemplo das tarifas sobre importações impostas pelo governo de Donald Trump, e cobra a reforma do sistema financeiro internacional, com mudanças tanto no Banco Mundial quanto no Fundo Monetário Internacional (FMI) para refletir o "crescente peso" dos países emergentes na economia global.
As propostas constam da declaração da Cúpula do Brics, realizada neste domingo e na segunda-feira no Rio de Janeiro.
Na véspera, os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do Brics já tinham anunciado acordo em três compromissos na área econômica, incluindo um sobre revisão das cotas dos países em desenvolvimento e mercados emergentes no FMI.
O Banco Mundial e o FMI surgiram com o acordo de Bretton Woods, que organizou a economia mundial após a Segunda Guerra, quando países emergentes e do Sul Global tinham participação reduzida na esfera econômica.
"Pedimos por procedimentos de gestão aprimorados, inclusive por meio de um processo de seleção inclusivo e baseado no mérito, que aumentaria a diversidade regional e a representação dos PDMEs (países em desenvolvimento e mercados emergentes) na liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Grupo Banco Mundial (GBM)", frisa o documento.
A proposta é que as cotas dos países no FMI sejam ampliadas e que a forma de cálculo dessas cotas seja revisada, assim como as participações acionárias de países emergentes no Banco Mundial. A limitação de participação desses países nas duas instituições está entre as razões que levaram à criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como banco do Brics. A meta não era substituir as instituições gestadas por Bretton Woods, mas oferecer uma nova possibilidade de financiamento mais alinhada com as demandas dos países emergentes.
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Há destaque ainda para desenvolver sistemas de financiamento em moedas locais, citando o mecanismo de cooperação interbancária do Brics. E sobre a continuidade das discussões sobre a Iniciativa para Pagamentos Transfronteiriços do grupo.
E o documento também reforça a já anunciada criação de um mecanismo de garantia financeira multilateral que poderá ser usado para impulsionar o desenvolvimento sustentável em áreas como transição energética, por exemplo. O objetivo é ampliar o acesso dos países emergentes a recursos, reduzindo o custo de capital ao reduzir riscos financeiros de crédito.