Dom, 07 de Dezembro

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Acordos

China ameaça países que fizerem acordos em separado com os EUA prejudiciais aos chineses

"Se tal situação surgir, a China jamais aceitará e tomará contramedidas de forma resoluta e recíproca", afirmou o Ministério do Comércio

Xi Jinping e Donald Trump travam queda de braço tarifária Xi Jinping e Donald Trump travam queda de braço tarifária  - Foto: Andres Martinez Casares e Saul Loeb /AFP

A China alertou os países contra acordos com os Estados Unidos que prejudiquem os interesses de Pequim, aumentando a tensão na guerra comercial com Washington e mostrando como outras nações correm o risco de se envolverem na disputa.

"Pequim se opõe firmemente a qualquer acordo firmado às custas da China. Se tal situação surgir, a China jamais aceitará e tomará contramedidas de forma resoluta e recíproca", afirmou o Ministério do Comércio em um comunicado online.

O alerta chinês surge no momento em que vários países se preparam para negociações com os EUA em busca de reduções ou isenções das tarifas abrangentes que o presidente Donald Trump impôs e posteriormente suspendeu a cerca de 60 parceiros comerciais.

Em troca, Washington pressiona esses países para restringir o comércio com a China e a controlar o poder industrial de Pequim para garantir que o país não encontre maneiras de contornar as tarifas.

Os principais assessores econômicos de Trump têm discutido a possibilidade de pedir a outras nações que imponham as chamadas tarifas secundárias — essencialmente uma sanção monetária — sobre as importações de certos países com laços estreitos com a China, informou a Bloomberg News anteriormente, citando uma pessoa familiarizada com o processo. Washington também quer que os parceiros comerciais se abstenham de absorver o excesso de mercadorias da China.

A China já visou países cuja cooperação com os EUA considerou prejudicial. Em 2016, os EUA e a Coreia do Sul concordaram em implantar um sistema de defesa antimísseis conhecido como Thaad, que, segundo Washington, visava combater ameaças da Coreia do Norte.

A China reclamou que o sistema perturbaria o equilíbrio estratégico da região e que seu poderoso radar permitiria a espionagem de seus sistemas de mísseis.

A China retaliou suspendendo as vendas de pacotes turísticos para a Coreia do Sul e dificultando as operações de empresas coreanas. Pequim e Seul concordaram posteriormente em superar a disputa, embora as baterias Thaad permanecessem na Coreia do Sul.

No ano passado, a China declarou que estava proibindo tanto a venda de itens de dupla utilização para as forças armadas americanas quanto a exportação para os EUA de materiais como gálio e germânio, acrescentando que empresas e pessoas no exterior estarão sujeitas às restrições.

A China é o maior fornecedor mundial de dezenas dos chamados minerais de terras raras, essenciais para as indústrias de comunicações e defesa, e as preocupações sobre seu domínio aumentaram em Washington desde que Pequim impôs controles iniciais às exportações de gálio e germânio.

No início deste mês, a China retaliou contra as novas tarifas do governo Trump, não apenas anunciando suas próprias taxas, mas também exigindo controles de exportação de terras raras.

As exportações dos materiais estavam praticamente suspensas, enquanto os produtores enfrentavam requisitos de licença mais rigorosos.

Em um esforço para conter algumas das ações recentes dos EUA, a China intensificou sua atuação diplomática no Sudeste Asiático e na Europa.

O presidente Xi Jinping visitou o Vietnã, a Malásia e o Camboja na semana passada para reunir uma "família asiática" de países que possa lidar com os riscos decorrentes das tarifas de Trump.

Mas a proposta chinesa corre riscos. O Vietnã está se preparando para reprimir as remessas chinesas que atravessam suas fronteiras com destino aos EUA.

O governo americano e o Japão iniciaram negociações comerciais e se preparam para mais, e Taiwan descreveu as discussões sobre controles de exportação como "intensivas".

A principal autoridade comercial da Coreia do Sul visitará Washington esta semana para iniciar as negociações.

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