China restringe exportações para os EUA de minerais estratégicos para eletrônicos, aviação e defesa
País responde por 80% da produção global de tungstênio e bismuto
A China restringiu as exportações de tungstênio e de outros metais de nicho usados nas indústrias de eletrônicos, aviação e defesa, em uma retaliação direcionada às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Além do tungstênio — conhecido por sua notável densidade e alto ponto de fusão, sendo mais comumente utilizado em mísseis perfurantes de blindagem — Pequim impôs restrições à exportação de molibdênio, telúrio, bismuto e índio nesta terça-feira.
O anúncio veio imediatamente após o presidente Donald Trump dar o primeiro golpe na guerra comercial, aplicando uma tarifa geral de 10% sobre todas as importações dos EUA provenientes da China.
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A China produz cerca de 80% do tungstênio e do bismuto mundial e também é o principal fornecedor dos outros metais. Sua resposta sugere que adotará uma abordagem mais calibrada ao lidar com Washington, mirando materiais com aplicações militares e buscando maximizar seu impacto ao focar em commodities nas quais tem maior influência.
— O anúncio recente é surpreendente — disse Luke Adriaans, analista de pesquisa da consultoria Project Blue. —As indústrias mais propensas a serem afetadas incluem o setor de defesa, onde o tungstênio é um material crucial para a fabricação de munições.
Além de impor controle sobre as exportações desses metais estratégicos, Pequim anunciou na madrugada desta terça-feira que imporá tarifas adicionais sobre a importação de carvão, gás, petróleo e maquinário agrícola dos EUA, e ainda investigará o Google. As novas tarifas chinesas entrarão em vigor na próxima segunda-feira, informou o Ministério das Finanças.
Tungstênio também é utilizado na indústria automotiva, em peças de motor e em contrapesos no setor aeroespacial, de acordo com a Project Blue. O fio de tungstênio é empregado no corte de lingotes de silício em wafers para semicondutores e painéis solares, e a demanda por esse material aumentou nos últimos anos, afirmou Adriaans.
Há fontes alternativas de tungstênio sendo desenvolvidas fora da China — incluindo na Austrália, Espanha e Coreia do Sul —, mas pode levar tempo para que volumes significativos sejam adicionados ao mercado global.
As preocupações com o controle de Pequim sobre minerais críticos cresceram significativamente desde que o país colocou o gálio e o germânio sob uma supervisão governamental mais rígida em 2023 e adicionou o antimônio à sua lista de restrições no ano passado. Isso resultou no aumento dos preços desses três metais de nicho, porém essenciais.