Economia

Com petróleo em alta, países produtores comemoram acordo para diminuir produção

Redução da oferta do produto é uma forma de forçar a alta global dos preços da commodity

Presidente eleito Jair BolsonaroPresidente eleito Jair Bolsonaro - Foto: Sergio Lima/AFP

Os estados-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) comemoram o acordo fechado na quarta-feira (30), na Áustria, durante a 171ª reunião da entidade, classificando-o como um “compromisso com um mercado petrolífero estável e equilibrado, com preços a níveis adequados tanto para os produtores como para os consumidores”.

O acordo entrará em vigor em 1º de janeiro de 2017 e, conforme acertado, os membros da Opep reduzirão a extração diária de petróleo, conjuntamente, em 1,2 milhão de barris. O pacto será renovável a cada seis meses. Embora os participantes não falem explicitamente, a redução da oferta do produto é uma forma de forçar a alta global dos preços da commodity.

Atualmente, os países-membros da Opep são: Argélia, Angola, Equador, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Gabão, Indonésia, Catar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela. A necessidade do apoio de países não-membros levou a organização a aprovar a criação de instâncias oficiais de contato com representantes de países que não pertencem ao grupo, como o Brasil, onde o acordo para redução na produção de petróleo ganhou pouca atenção até o momento.

Procurada pela Agência Brasil, a Petrobras disse apenas que não mudará sua estratégia de produção, prevista no Plano de Negócios e Gestão. E o Ministério de Minas e Energia se limitou a informar que o governo brasileiro não interfere no ritmo de produção das empresas petrolíferas instaladas no país. Em outubro, o secretário nacional do Petróleo, Márcio Félix, representou o Brasil como convidado de uma reunião da Opep e disse que o país era contrário à diminuição da produção.

Produtores comentam


Em outros países, principalmente entre os principais produtores, o assunto foi alvo de comentários. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, saudou a redução na extração de petróleo como “o nascimento de uma nova geopolítica petrolífera e econômica”.

O ministro da Energia, Indústria e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, disse estar satisfeito e confirmou que seu país, segundo maior produtor mundial de petróleo, começará a reduzir a extração no começo de 2017, por tempo indeterminado. Em sua conta no Twitter, Al-Falih disse que a Rússia e outros países produtores que não integram a Opep apoiaram o acordo.

Em nota oficial, o ministro de Energia russo, Alexander Novak, confirmou que seu país deixará de produzir 300 mil barris diários ainda no primeiro semestre de 2017. A iniciativa voluntária, segundo Novak, é a contribuição russa para a concretização dos planos dos demais produtores, que esperam limitar a produção diária ao máximo de 32,5 milhões de barris/dia. Este patamar já tinha sido estabelecido em setembro deste ano pelos membros da Opep, no chamado Acordo de Argel.

“Este acordo é um passo muito importante para a indústria de petróleo global, destinado a restabelecer o saudável equilíbrio entre oferta e demanda e manter a atração de investimento da indústria no longo prazo”, declarou Novak.

Já o governo iraniano celebrou, em nota, a decisão dos membros da Opep de reduzir a produção [conjunta], “sendo que a participação iraniana totalizará 3,9 milhões de barris diários”. Em contínua expansão, graças ao fim das sanções contra o seu programa nuclear, a produção petrolífera iraniana já havia superado a marca de 3,8 milhões de barris diários em junho deste ano. Na nota, o governo iraniano reforça a expectativa de que o preço do barril volte a superar os US$ 50.

O presidente do Equador, Rafael Correa, usou o Twitter para comentar a decisão e lembrou que o país voltou a ser admitido no grupo dos maiores produtores de petróleo em 2007. Ele comemorou a alta dos preços do barril observados logo após a confirmação do anúncio.

Criada em 1960, a Opep coordena a política petrolífera dos países membros, orientando a oferta de petróleo no mercado internacional, defendendo os interesses dos produtores sobre os preços.

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