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Inteligência Atificial

Conar abre processo para analisar comercial da Volks com Elis Regina, feita por IA

Autor da ação argumenta que há risco de distorção da realidade e cita artigo que prevê 'apresentação verdadeira do produto oferecido'

Cena do comercial que 'juntou' Maria Rita e Elis Regina por meio de inteligência artificialCena do comercial que 'juntou' Maria Rita e Elis Regina por meio de inteligência artificial - Foto: Reprodução/YouTube

O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) instaurou nesta segunda-feira processo ético para analisar a campanha que traz Elis Regina, morta em janeiro de 1982, recriada por inteligência artificial através de uma tecnologia chamada de "deep fake". A ação publicitária faz parte da campanha de 70 anos da Volkswagen e conta ainda com a participação de sua filha Maria Rita, que também é cantora.

A abertura do processo pelo Conar vai analisar se a campanha violou alguma norma do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. O comercial mostra Maria Rita dirigindo um dos veículos da montadora e cantando um dos clássicos de Elis Regina, “Como Nossos Pais”. Ao longo do filme, Elis aparece cantando também em um modelo antigo da Volks.

A abertura do processo do Conar foi informada pelo advogado Gabriel Brito, que fez denúncia ontem. Ele recebeu um email da secretaria executiva do órgão confirmando a abertura do processo. Segundo ele, é necessário limitar o uso da inteligência artificial em publicidade e estabelecer diretrizes para o seu uso.

Segundo ele, a campanha contraria diversos artigos, como o de número 27, já que um anúncio deve conter uma apresentação verdadeira do produto oferecido.

Ele cita ainda o artigo Artigo 37 - 2B, que prevê que, quanto às crianças e adolescentes os “anúncios deverão (...) respeitar a dignidade, ingenuidade, credulidade e inexperiência”.

- Isso traz desconforto e perturbação com a mistura entre ficção e realidade para alguns consumidores, como crianças, adolescentes e vulneráveis. O potencial de desinformação do deep fake é gigantesco e o uso ilimitado pode resultar na distorção da realidade - afirmou ele.

Ele cita ainda uma questão ética em relação ao uso da tecnologia na publicidade, como a inteligência artificial, que possibilita trazer pessoas falecidas à vida.

- O uso do deep fake merece a fixação de normativas legais.

O advogado cita ainda o “Anexo O- Veículos Motorizados” do Código: Maria Rita e Elis Regina cantam e olham uma para outra enquanto dirigem, "em desatenção e de forma imprudente, considerando que deveriam olhar de forma fixa o caminho e estrada à frente na qual transitam", citou o advogado.

Procurado, o Conar ainda não retornou.

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