Cooperativa faz doces agroecológicos no Sertão de Pernambuco
Grupo formado por agricultores familiares de Triunfo e de Santa Cruz da Baixa Verde produz rapadura, açúcar mascavo e melaço e já conquista mercados de São Paulo e do Rio
É do Sertão de Pernambuco que se originam os doces da marca Serra do Brejo, derivados da cana-de-açúcar. Por trás dos produtos vem a força e dedicação de um grupo de agricultores familiares. Na cidade de Triunfo, está a sede de uma cooperativa formada por 36 pessoas residentes do próprio município e também da cidade de Santa Cruz da Baixa Verde.
A Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar Orgânica Agroecológica (Coopcafa) é responsável por fabricar os itens da Serra do Brejo, que promovem o sustento dos cooperados e suas famílias.
Todo o processo, desde a plantação da cana-de-açúcar até a produção dos itens, é feito pelos cooperados. Eles fabricam rapadura, açúcar mascavo e melaço (ou mel de engenho) sem o uso de agrotóxicos. Os produtos são reconhecidos no mercado e registrados com a marca Serra do Brejo. A decisão de não utilizar agrotóxicos nas espécies cultivadas é uma marca registrada, que tem compromisso com a saúde das pessoas e com a preservação ambiental.
Mercado consumidor
“Os cooperados têm a cana na propriedade deles, onde fazem tudo até a sua colheita. Depois, fazemos a produção dos doces e do açúcar mascavo na unidade de beneficiamento de cana que temos dentro da cooperativa. Tudo é realizado pelos cooperados e seus familiares”, contou Nadjanécia Santos, presidente da Coopcafa.
A rapadura, o melaço e o açúcar mascavo são comercializados em todo o estado de Pernambuco, além do estado de São Paulo e Rio de Janeiro. A cooperativa possui um espaço dentro da sede para fazer a venda ao consumidor final, além de ter um caminhão próprio para fazer as entregas em Pernambuco. Com o caminhão, os produtos são levados para supermercados e lojas de produtos naturais.
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Já para São Paulo e Rio de Janeiro, os itens são comercializados para uma grande rede de supermercados. A partir do Centro de Distribuição dessa rede, os produtos são levados para os pontos de venda.
“A gente considera uma receita muito importante porque se fôssemos vender para alguma outra pessoa ou atravessador, os cooperados teriam uma renda muito baixa e não receberiam o real valor do produto. Quando a cooperativa surgiu aumentou a rentabilidade e eles recebem de acordo com o que produzem. Conseguimos agregar valor aos produtos dos nossos cooperados”, ressaltou Nadjanécia.
Desde 2017 o agricultor familiar Charles dos Santos, de 32 anos, participa da cooperativa. Na época, Charles produzia uma pequena quantidade de frutas e cana-de-açúcar. Em 2019, o agricultor foi morar em São Paulo em busca de outros empregos. Depois de um ano, ele não se adaptou e voltou para sua terra, Santa Cruz da Baixa Verde. Foi quando no início de 2020 ele voltou a se dedicar a sua produção.
“Me aprofundei na agricultura e me dediquei à cultura da cana e na diversificação das frutas. A cooperativa foi me capacitando, forneceram cursos e eu fui gostando. Hoje, sou um braço direito da cooperativa, minha cana vai toda para ela, eu planto, colho e entrego lá. Participo também da produção do açúcar mascavo e da rapadura, sou responsável por ensacar e transportar”, contou Charles. Boa parte da produção do agricultor é próximo da sua casa e outra parte é em um sítio arrendado.
A Coopcafa aproveita 100% do seu produto dentro da fabricação, feita sem nenhum adubo ou defensivos químicos. O bagaço da cana, por exemplo, é utilizado como combustível da fornalha. Além dos derivados da cana-de-açúcar, que são o carro-chefe da cooperativa, a Coopcafa ainda trabalha com a polpa de frutas para sucos, que também possuem caráter agroecológico.
A cooperativa surgiu em 2011, da necessidade de uma associação comunitária comercializar seus produtos.