Customização gera renda para mulheres
O Projeto Top Três Reciclagem, formado por um grupo de mulheres de Olinda, transforma peças velhas e vira fonte de renda sustentável
Sabe aquele jeans velho que não está mais na moda, todo folgado e que iria para o lixo? Ele pode ter outro destino: ser doado para virar um novo produto. Através da customização, a peça pode ser transformada em almofadas, tiaras, bolsas, agendas, chaveiros e até mesmo em um novo modelo de jeans, mais moderno e com estilo mais atual. É com essa ideia que as mulheres do Projeto Top Três Reciclagem trabalham, incentivando a reutilização, com foco na sustentabilidade e na geração renda.
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O projeto surgiu através de uma reivindicação das moradoras de Olinda e das mães de crianças atendidas na creche da Associação Espírita Lar Transitório de Christie (AELTC), que resultou na criação do Top Três. Em 2017,conseguiram o apoio da Fundação Banco do Brasil, através do Programa Voluntariado BB-FBB, e receberam um financiamento de R$ 45 mil. O recurso foi utilizado na compra de material, maquinário e na capacitação em corte e costura para customização, estratégia de vendas e empreendedorismo para 36 mulheres adolescentes e adultas.
A ideia do programa é funcionar como um laboratório de aprendizagem e produção da customização. O espaço conta com máquinas apropriadas para a confecção dos acessórios, já que a costura do jeans precisa ser feita em equipamento industrial. Além disso, a educadora e artesã, Sandra Garrido, presidente da Associação dos Artesãos do Município de Itambé (PE), é responsável pela criação de produtos e orientação das participantes do Top Três. Assim, as empreendedores contam com o maquinário apropriado e com o treinamento para desenvolver o trabalho.
Segundo a coordenadora do programa, Lígia Cabral, a reciclagem do jeans permite a produção de diversos produtos. “Toda a matéria-prima para a confecção das peças vem da doação e pelo fato de desenvolvermos muitos produtos nossa possibilidade de negócios é maior. Mas também aproveitamos outros itens. Além do jeans, utilizamos garrafas pet, CDs, botões, camisas, entre tantos outros”, destacou Lígia. Muitas das mulheres atendidas pelo projeto não tinham o conhecimento da técnica de customização e nem como funcionava uma máquina de costura. “Agora, com o domínio da técnica, as mulheres querem ir muito além. È possível ver uma grande vontade de aprender, de se tornar uma profissional e ter fonte de renda. A maioria já defende a formalização de uma cooperativa para por em prática o que foi aprendido aqui no projeto. Nós formamos um projeto que busca ensinar para elas e fazer com que produzam aqui os seus produtos”, finalizou a coordenadora.
De todo material feito na sede do projeto e vendido pelas participantes, 15% do valor é destinado para o programa, como uma forma de contribuição pela utilização do espaço na confecção.
Algumas integrantes, atualmente já estão comercializando a sua produção, como é o caso de Francinete Pimentel, dona de casa que está há seis meses no projeto. “Aqui eu aprendi a fazer muita coisa. A costurar, a realizar sonhos. Tive a oportunidade de ampliar o meu conhecimento sobre o artesanato. È muito gratificante e satisfatório o que fazemos aqui”, destacou. “Eu já joguei muitos jeans fora, mas tive o privilégio de saber que podemos fazer diversas coisas, fazer a nossa arte, criar nossos produtos. É uma alegria muito grande. Tenho a oportunidade de deixar de ser dona de casa para trabalhar com o artesanato”, disse.
Para doações de roupas ao projeto, o interessado pode doar diretamente na sede, que fica na Rua José Vitorino Cabral Neto, A, antiga Rua 48 na quarta etapa de Rio Doce, em Olinda.