Economia

Dia de pânico nos mercados faz Bolsa desabar 9% e dólar subir a R$ 3,39

Crise que atingiu em cheio o governo Michel Temer fez os mercados brasileiros acionarem travas de proteção contra fortes volatilidades

O dólar comercial fechou o dia em alta de 0,05%O dólar comercial fechou o dia em alta de 0,05% - Foto: Reprodução

A crise que atingiu em cheio o governo Michel Temer fez os mercados brasileiros acionarem travas de proteção contra fortes volatilidades nesta quinta-feira (17). Os mecanismos, porém, foram insuficientes para evitar que a Bolsa tivesse o pior dia desde 22 de outubro de 2008 e que o dólar subisse R$ 0,26 em um dia, para R$ 3,40.

O dólar comercial encerrou o dia com forte alta de 8,16%, para R$ 3,390. O dólar à vista, que fecha mais cedo, teve valorização de 8,68%, para R$ 3,373.

A Bolsa brasileira desabou 8,83%, aos 61.575 pontos, depois de acionar, pela primeira vez desde 2008, a trava que interrompe seus negócios em caso de forte instabilidade. Foi a maior queda desde 22 de outubro de 2008, quando o Ibovespa recuou 10,18%.

O pânico nos mercados foi uma reação à notícia de que o presidente Michel Temer foi gravado sugerindo a compra do silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. A informação foi dada pelo colunista Lauro Jardim, do jornal "O Globo", e confirmada pela reportagem.

Pela manhã, a forte valorização do dólar fez o Banco Central anunciar leilão adicional de 40 mil contratos de swaps cambiais (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro), na tentativa de oferecer ao mercado proteção adicional para empresas e investidores.

Mais cedo, a autoridade monetária tinha emitido um comunicado indicando que atuaria para manter a funcionalidade dos mercados.

Já a Bolsa brasileira acionou o circuit break quando o Ibovespa caía 10,47%, aos 60.470 pontos. O circuit break é uma ferramenta acionada quando o índice Ibovespa tem variação negativa de 10% em relação ao fechamento anterior.

As ações da Petrobras chegaram a cair 20%, enquanto os papéis do setor financeiro, que tem maior peso no índice, recuaram quase 20%.

Os negócios ficaram interrompidos por 30 minutos e retomados às 10h50. O mecanismo havia sido adotado pela última vez em 22 de outubro de 2008, quando a Bolsa havia oscilado -10,18%.

JUROS
A instabilidade também afetou o mercado de juros. Os contratos mais negociados passaram a prever queda menor da taxa de juros na próxima reunião do Copom (comitê de política monetária), no final de maio.

Antes da crise que atingiu o governo, o mercado trabalhava com um corte de 125 pontos-base a 150 pontos-base. Agora, passa a ver uma queda menor na taxa Selic, de apenas 75 pontos-base, o que levaria o juro básico a 10,50%.

"Todo mundo apostava em juros para baixo. Agora, não sei se vai ter corte de juros nesta reunião ou se o BC vai esperar o cenário se definir", avalia Lucas Marins, analista da Ativa Investimentos.

O contrato de juros futuros mais negociado, com vencimento em julho de 2017, subiu de 10,361% para 10,750%. O contrato com vencimento em janeiro de 2018, que indica a perspectiva para a Selic no final deste ano, avançou de 8,975% para 10,075%.

A instabilidade gerada nas taxas de títulos públicos fez o Tesouro cancelar os leilões previstos para esta quinta-feira. "O Tesouro Nacional informa que, em razão da volatilidade observada no mercado, não realizará os leilões de venda de Letras do Tesouro Nacional - LTN, com vencimentos em 01/04/2018, 01/04/2019 e 01/07/2020 e Letras Financeiras do Tesouro Nacional - LFT, com vencimento em 01/03/2023, programados para hoje."

O risco-Brasil medido pelo CDS (credit default swap) tinha alta de 29,39%, para 266,67 pontos.

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