Ter, 09 de Dezembro

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Direção dos Correios diz a representantes de funcionários que não irá renovar acordo coletivo

Em crise, empresa busca reduzir custos e gastos com pessoal chegará a R$ 15 bilhões neste ano

Correios enfrentam crise financeira Correios enfrentam crise financeira  - Foto: Divulgação/Correios

A direção dos Correios vai informar aos representantes dos trabalhadores, em reunião prevista nesta terça-feira, que não irá renovar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).

Integrantes da estatal afirmam que a situação financeira da empresa não permite nenhum tipo de aumento de despesa, como reajuste de benefícios, fora do plano de reestruturação que está sendo elaborado.

O acordo firmado pela direção anterior dos Correios e dirigentes sindicais venceu em agosto e foi prorrogado até 15 de dezembro deste ano.

Sem a renovação, os trabalhadores não terão direito a vale-natal, reposição salarial e dos benefícios como cesta básica, vale-alimentação pela inflação, além da gratificação de 70% das férias e incorporação do anuênio de 1% na remuneração.

Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Trabalhadores dos Correios do Rio (Sintect-RJ), Marcos Sant'aguida, sem a renovação do acordo coletivo, o adicional de férias, por exemplo, voltaria a ser um terço, conforme prevê a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

— Sem a reedição do acordo, o valor dos benefícios ficará a critério da empresa. Nós temos dois caminhos que é fazer paralisações e recorrer ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) — disse o sindicalista.

As despesas com pessoal são um dos principais problemas dos Correios. A empresa projeta encerrar 2025 com R$ 22,9 bilhõe sem despesas correntes, segundo dados de execução orçamentária. A maior fatia desse montante está relacionado a gastos com pessoal, previstas em R$ 15,1 bilhões neste ano.

O projeto de de reestruturação, com medidas de corte de gastos como um plano de demissão voluntária (PDV) é a contrapartida exigida pelo Tesouro Nacional para fazer um aporte emergencial nos Correios. A empresa não conseguiu ainda avançar nas negociações com os bancos para obter o empréstimo de R$ 20 bilhões.

O grupo de bancos que participaram da última rodada de conversas (Citibank, BTG Pactual, ABC Brasil, Banco do Brasil e Safra) propuseram juros equivalentes a 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa de referência nos empréstimos diários entre bancos. A proposta foi recusada pelo Tesouro, justamente por superar o padrão normalmente observado de 120% para operações com aval da União.

Diante disso, a empresa negocia um o aporte do Tesouro, que seria uma espécie de ponte até que a direção da empresa consiga fechar o empréstimo com os bancos. A Caixa Econômica Federal foi acionada pelo governo para entrar nas negociações.

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