Dólar cai a R$ 3,17, menor valor em mais de 2 meses; Bolsa recua 0,43%
O dólar comercial caiu 0,40%, a R$ 3,1700, valor mais baixo desde 11 de agosto deste ano (R$ 3,1410)
O cenário externo favorável, com a alta do petróleo no mercado internacional, contribuiu para que o dólar perdesse força frente a boa parte das moedas nesta quarta-feira (19), inclusive o real. A moeda americana caiu para R$ 3,17, fechando no menor valor em mais de dois meses. Também enfraquecem o dólar a menor probabilidade de alta dos juros americanos neste ano, após a divulgação de dados mistos sobre a economia dos EUA.
Segundo José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, a redução da chance de vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial americana é outro fator para a baixa do dólar. No campo doméstico, a proximidade do fim do prazo para a repatriação de recursos mantidos irregularmente no exterior, no dia 31, também pressiona o dólar para baixo. O mercado aguardava ainda o anúncio do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central sobre a taxa básica de juros, a Selic. O comitê decidiu pela redução de 0,25 ponto percentual, a 14,00% ao ano, conforme esperado pela maioria dos analistas do mercado.
O dólar comercial caiu 0,40%, a R$ 3,1700, valor mais baixo desde 11 de agosto deste ano (R$ 3,1410). A moeda americana à vista caiu 0,16%, para R$ 3,1717, no menor patamar também desde 11 de agosto (R$ 3,1390). Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, no montante de US$ 250 milhões.
O mercado de juros futuros operou em baixa, à espera do Copom. O contrato para janeiro de 2017 caiu de 13,635% para 13,602%, e o contrato para janeiro de 2018 recuou 11,990% para 11,920%. O contrato para janeiro de 2021 recuou de 11,190% para 11,090%, no menor nível desde setembro de 2014. O CDS (credit default swap) brasileiro de cinco anos, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, perdia 1,37%, aos 262,852 pontos.
BOLSA
Após quatro sessões de alta, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa, terminou a sessão em queda de 0,43%, aos 63.505,61 pontos. O giro financeiro foi de R$ 8,15 bilhões. "Os investidores aproveitaram para vender ações e embolsar os lucros obtidos com a valorização recente desses papéis", explica Ari Santos, gerente de renda variável da corretora H.Commcor.
De acordo com Santos, a prisão do deputado cassado e ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não afetou o mercado nesta quarta-feira (19). "O humor dos investidores só vai azedar se, em uma eventual delação, Cunha comprometer integrantes do governo Temer", diz.
O avanço das ações da Petrobras impediram uma queda maior do Ibovespa. O papel preferencial subiu 1,14%, a R$ 16,72, e o ordinário ganhou 1,06%, a R$ 18,99. O petróleo subiu mais de 1% no mercado internacional depois da divulgação de queda nos estoques semanais da commodity nos EUA. Além disso, a Arábia Saudita indicou que mais países podem aderir ao acordo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) para limitar a produção.