Dólar cai para R$ 3,30, menor cotação em mais de um mês; Bolsa recua
O real teve a maior valorização entre as principais moedas nesta sessão
O dólar voltou a cair ante o real nesta quinta-feira (22), terminando na casa dos R$ 3,30. É o menor patamar desde 9 de novembro (R$ 3,2026), logo após a eleição do republicano Donald Trump para a presidência dos EUA.
Em uma sessão marcada pelo baixo volume de negócios, por causa do fim do ano, a moeda americana à vista fechou em baixa de 0,93%, a R$ 3,3019, enquanto o dólar comercial caiu 0,93%, a R$ 3,3010.
O real teve a maior valorização entre as principais moedas nesta sessão. O dólar teve comportamento misto no exterior, após o PIB (Produto Interno Bruto) americano do terceiro trimestre ter sido revisado para cima. O indicador subiu a uma taxa anualizada de 3,5% no período, ante leitura anterior de 3,2% e expectativas de 3,3%.
Durval Correa, diretor de câmbio da corretora MultiMoney, avalia que o movimento no mercado doméstico é especulativo. "Há investidores tentando fazer o dólar cair já de olho na formação da Ptax do fim do mês", afirma. A Ptax é uma taxa calculada pelo Banco Central que serve de referência a contratos cambiais.
O alívio na tensão política nos últimos dias, depois de vazamentos de delações premiadas da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato, contribuiu para a tranquilidade no câmbio.
Segundo profissionais do mercado, as medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer destinadas a agradar a classe média e trabalhadores nesta quinta-feira não influenciaram os negócios.
JUROS
No mercado de juros futuros, as taxas caíram, refletindo a valorização do real, a menor aversão ao risco e as expectativas de queda mais agressiva da taxa básica de juros (Selic). Essa percepção foi reforçada com o Relatório Trimestral de Inflação do Banco Central.
Divulgado nesta quinta-feira, o documento reduziu de 1,3% para 0,8% a projeção para o crescimento da economia brasileira em 2017. O BC também avaliou que a desaceleração da inflação teve resultados melhores que os esperados.
Por enquanto, a maior parte do mercado espera corte de 0,50 ponto percentual da Selic em janeiro, mas crescem as apostas de redução de 0,75 ponto. Atualmente, a taxa está em 13,75% ao ano."O relatório do BC corrobora algo que o mercado tem precificado: os juros continuarão a cair nos próximos meses, e o ritmo de cortes deve ser intensificado", afirma a equipe de análise da Guide Investimentos, em relatório.
"No relatório divulgado hoje [quinta], ficou a impressão de que a próxima queda da Selic pode ser de 0,75 ponto", escreve o economista José Francisco de Lima Gonçalves, do Banco Fator. O contrato de DI para janeiro de 2018 caiu de 11,600% para 11,590%; o DI para janeiro de 2021 recuou de 11,480% para 11,430%; e o DI para janeiro de 2026 cedeu de 11,830% para 11,740%.
Segundo analistas, o comportamento dos juros futuros embute 30% de probabilidade de uma redução de 0,75 ponto percentual da taxa básica de juros.
BOLSA
O Ibovespa seguiu o movimento das Bolsas no exterior e terminou a sessão em baixa de 0,68%, aos 57.255,22 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,1 bilhões.
Pressionados pela queda do minério de ferro na China, os papéis PNA da Vale lideraram o ranking de principais desvalorizações do índice, com -5,18%. Vale ON perdeu 4,15%.
Apesar da alta do petróleo no mercado internacional, as ações da Petrobras perderam 2,30% (PN) e 1,20% (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN subiu 0,81%; Bradesco PN, -0,55%; Bradesco ON, -0,29%; Banco do Brasil ON, -0,95%; Santander unit, -0,44%; e BM&FBovespa ON, -0,64%.
As ações ON da empresa de cartões Cielo subiram 0,35%. Nesta quinta-feira, o governo anunciou que vai limitar crédito rotativo a 30 dias para reduzir juros no cartão.
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