Economia

Dólar sobe e já ameaça elevar preços no Brasil

Moeda subiu R$ 0,20 em apenas um mês devido à possibilidade de aumento dos juros americanos e incertezas políticas brasileiras. Por isso, commodities como gasolina e alimentos podem ficar mais caros

Dólar teve baixa de 1,58% e está cotado a R$ 3,8 para vendaDólar teve baixa de 1,58% e está cotado a R$ 3,8 para venda - Foto: Ed Machado / Folha de Pernambuco

O dólar sofreu uma forte valorização nos últimos dias. A moeda americana ganhou força frente às principais unidades de valor do mundo devido a movimentações do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve - Fed). Mas o impacto foi maior em mercados emergentes como o do Brasil. Segundo analistas, o real foi a moeda que sofreu a terceira maior desvalorização do mundo por conta da alta do dólar. Por isso, a cotação, que estava em R$ 3,34 há apenas um mês, saltou para R$ 3,55 nos últimos dias, preocupando empresários, investidores e até consumidores. É que, com o dólar nas alturas, além de pagar mais caro para viajar, os brasileiros podem ter que gastar mais para comprar itens essenciais como gasolina e alimentos.

Segundo analistas do mercado financeiro, a alta do dólar reflete a intenção do Fed de aumentar a taxa básica de juros dos Estados Unidos (EUA), que hoje vai de 1,5% a 1,75%. É que, com essa alta, os títulos do tesouro norte-americano vão render mais. E, como esta já é considerada uma das fontes de investimento mais confiáveis do mundo, a tendência é que os investidores tirem os seus recursos de economias voláteis como a do Brasil para voltar a aplicá-los nos EUA. “Há uma enxurrada de dinheiro voltando para os EUA. E quem mais sente isso são os países emergentes, que são muito dependentes do dólar em termos de comércio internacional e também têm grau de vulnerabilidade. Investir na Argentina, por exemplo, é muito arriscado, visto que o país já deu um calote há 15 anos. Por isso, a Argentina aumentou seus juros três vezes nesta semana, chegando a 40%, a fim de oferecer um retorno convincente aos seus investidores”, explicou o analista de cenários econômicos Tiago Monteiro.

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O Brasil não chegou ao extremo da Argentina, mas também deve perder muitos investimentos para os Estados Unidos. Afinal, é considerado um mercado arriscado pelos investidores estrangeiros devido às incertezas do cenário político. “Há uma percepção de risco por conta das eleições. Isso só vai melhorar quando o Brasil definir o seu presidente e esse presidente montar uma equipe econômica que passe credibilidade para o mercado. Então, por enquanto, os investidores estão segurando os investimentos no Brasil”, esclareceu o sócio diretor da Europa Câmbio, Edísio Pereira Neto, dizendo que a combinação desses dois fatores fez com que o dólar disparasse no País nos últimos dias.

A moeda subiu R$ 0,30 só neste ano e R$ 0,20 foram apenas no mês de abril. Na última semana, a alta foi de R$ 0,03, mas só porque o Banco Central (BC) decidiu atuar a favor do real. É que o dólar bateu R$ 3,55 na semana passada e isso fez com que a autoridade monetária brasileira voltasse a fazer swaps cambiais (venda de dólar no mercado futuro que amplia a quantidade da moeda no país) a fim de suavizar os efeitos do câmbio. Por isso, o dólar parou de subir nos últimos dias, fechando a semana em R$ 3,52. Mesmo assim, a alta foi de 1,8% na semana. Por isso, nas casas de câmbio, a cotação é bem maior. No Recife, por exemplo, o dólar turismo está custando cerca de R$ 3,75.

Com essa alta, também é provável que as commodities, cujo preço é regulado pelo mercado internacional, fiquem mais caras nos próximos dias. E a aposta dos analistas é que a primeira alta ocorra na gasolina, que já está sendo vendida por mais de R$ 4,20. Afinal, a nova política de preços da Petrobras prevê reajustes quase que diários. “Com certeza a Petrobras vai dar algum aumento. Mas existe a possibilidade de esse reajuste não chegar às bombas, vai depender da concorrência”, disse o presidente do Sindicombustíveis-PE, Alfredo Ramos, explicando que o setor já está muito pressionado por conta dos altos custos e impostos. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) também admitiu que derivados do produto, como pães e massas, podem ficar mais caros. Afinal, mais da metade do trigo consumido no País é importado e, como o dólar está alto, o custo das importações, normalmente avaliadas na moeda norte-americana, subiu.

No Brasil, este movimento do dólar só beneficia, portanto, os exportadores, visto que essas vendas normalmente são feitas de acordo com os valores da moeda norte-americana.

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