Eleições 2018 – Uma reflexão...
Sendo uma jovem democracia de mercado aberto, analistas, investidores e especuladores têm avaliado os vários cenários possíveis do investimento estrangeiro, no Brasil, como irão se comportar em ano eleitoral
Atualmente, as eleições no Brasil são realizadas através do voto direto, secreto e obrigatório. A primeira eleição da qual existem registros no Brasil, ocorreu em 1532, por este meio foi escolhido o representante do Conselho da Vila de São Vicente.
Sendo uma jovem democracia de mercado aberto, analistas, investidores e especuladores têm avaliado os vários cenários possíveis do investimento estrangeiro, no Brasil, como irão se comportar em ano eleitoral e seu impacto, formando assim um banco de dados para análises e projeções futuras.
“O saldo do investidor estrangeiro, em ações brasileiras, atingiu um novo recorde em 2017, batendo a marca de R$ 14,6 bilhões de reais, tendo saldo positivo pelo sexto ano consecutivo. O Investimento Estrangeiro foi responsável por 50% do investimento na Bolsa, neste ano, comparado com apenas 30%, em 2010. No entanto, o investimento estrangeiro, especialmente, o especulativo, começou a recuar no início do ano, com saldos líquidos negativos em fevereiro e até o meio de março”. (Fonte: Finance News)
“Isso pode sinalizar uma nova fase para o Ibovepa de 'wait and see' para investimento estrangeiro no curto prazo”. Adam Patterson - Economista
O investidor estrangeiro vê as eleições presidenciais no Brasil com muita cautela devido à grande quantidade de pré-candidatos e a pluralidade de plataformas apresentadas; o mercado está observador, até conhecer com maiores detalhes quem serão os principais players assim como a visão de cada um destes sobre o futuro macroeconômico e respectivas agendas de reforma.
Os corredores vazios, uma realidade em Brasília, sessões dos plenários e comissões totalmente esvaziadas sem o devido quórum para qualquer apreciação ou votação. Tudo isto é observado com muita cautela pelos investidores internacionais. Um investimento – não uma especulação financeira – é sempre de médio ou de longo prazo.
Durante o processo eleitoral, temos o aumento significativo da incerteza, consequentemente, o timing e decisão final da alocação de recursos dos investidores serão esticados ou postergados.
Com menos de 6 meses para as eleições, o cenário político continua extremamente nublado e “judicializado”, soma-se a falta de definições em questões econômicas importantes, estratégicas e estruturais não resolvidas e as diversidades ideológicas, aumentando a cautela do investidor global até as definições ou, até mesmo após as eleições.
Nos últimos anos, o investimento estrangeiro estagnou, aguardando maior visibilidade macroeconômica para retomar o modo “risk on” (busca por risco) para decisões de investimento e capital budgeting (processo de alocação de recursos).
Números recentes deste ano, apontam um recuo em 8 de 15 locais em março e os locais mais acentuados foram na região nordeste de (-3,6%), Bahia (-4,5%) na produção industrial. Na média nacional, a produção da indústria recuou 0,1% na mesma comparação. FONTE: IBGE
A culpa é apenas dos políticos?
Sendo capa ou artigo de primeira página, constato diversos meios jornalísticos online e off-line divulgando, frequentemente, inúmeros concursos públicos com salários muito acima da média da iniciativa privada.
Nas muitas rodas de conversas, observo que tornar-se um servidor público tem sido um objetivo de vida cada vez mais frequente entre universitários e profissionais, atraídos por maiores salários e pela estabilidade no emprego. Recentemente, um artigo de capa mencionava: “26 concursos públicos selecionam para salários de R$ 5.000,00 até R$ 16.000,00”, em São Paulo e Minas Gerais.
Da mesma forma, é quase um consenso que a máquina pública, não apenas no Brasil, mas em inúmeros países, esteja inchada e não operando de forma eficiente, não sendo suficiente para suprir todas as necessidades constitucionais do cidadão.
“Como vamos falar e criar uma cultura de empreendedorismo em uma região onde o maior sonho é passar em concurso público?” Anônimo
*Empresário há 35 anos e Presidente do Iperid (primeiro THINK TANK do Nordeste) – Instituto de Pesquisa Estratégica em Relações Internacionais e Diplomacia, Rainier Michael tem ampla experiência em trocas internacionais. O trabalho realizado por ele junto ao consulado esloveno, e designado “Diplomacia Econômica”, interpreta sob uma visão humana o desenvolvimento e o crescimento do Nordeste. Paulista de nascença, Michael se mudou para Pernambuco há dez anos, quando seus negócios no Estado cresceram de forma a tornar indispensável sua presença aqui. Seu comparecimento nos mercados pernambucanos, entretanto, é mais antigo do que isso. Antes de assumir o consulado, já era representante da DBG - Sociedade Brasil-Alemanha no Nordeste. É destacável, também, sua atuação enquanto presidente do Rotary Club Recife Boa Viagem. ([email protected])
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