Em documento, JBS estima que ações da companhia comecem a ser negociadas nos EUA em junho
Companhia entregou cronograma com estimativas do processo ao órgão regulador americano, a Securities and Exchange Commission (SEC)
A JBS, maior processadora de carnes do mundo, enviou à Securities and Exchange Commission (SEC), que é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) dos Estados Unidos, órgão que fiscaliza o mercado de capitais, um cronograma preliminar de sua listagem de ações na Bolsa de Nova York.
Pelo documento, entregue na última sexta, dia 11, as ações da companhia começariam a ser negociadas no mercado americano a partir do dia 12 de junho.
De acordo com o documento entregue à SEC, a companhia estima que seu conselho de administração se reuniria no dia 22 de abril, convocando uma assembleia geral de acionistas para decidir a aprovação ou não do plano de dupla listagem da companhia.
A assembleia geral poderia ocorrer no dia 23 de maio, com possibilidade de o início da negociação das ações da JBS em Nova York ocorrer em junho, diz o documento.
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Conforme o plano, anunciado em julho de 2023, a ida para a Bolsa de Nova York passará por uma troca de ações. A JBS N.V., pessoa jurídica da empresa sediada na Holanda, incorporará todas as outras firmas do grupo, assumindo a função de holding, e levando suas ações para Nova York. Com a troca, todos os atuais acionistas da JBS se tornarão acionistas da JBS N.V.
A listagem será “dupla” porque a JBS continuará tendo papéis negociados na B3. Isso se dará por meio dos Brazilian Ddeposity Receipts (BDRs), que “espelharão” as ações da JBS N.V. negociadas em Nova York.
Quem tem ações da companhia negociadas na B3 terá a opção de receber BDRs, e seguir investindo por aqui, ou ficar diretamente com os papéis negociados em Nova York. Pelo cronograma entregue pela JBS à SEC, os BDRs começariam a ser negociados na B3 no dia 9 de junho.
Classe dupla de ações
A JBS está propondo uma estrutura de ações de classe dupla, com ações Classe A, listadas na NYSE, a bolsa de Nova York e tendo um voto cada. Já as ações Classe B seriam Brazilian Depositary Receipt (BDRs), títulos emitidos no Brasil que representam uma ação de companhia aberta sediada no exterior na B3, a Bolsa de Valores brasileira.
É a mesma estgrutura proposta em 2023, quando a empresa se preparava para abrir capital nos EUA, mas acabou desistindo.
Houve apenas uma pequenas alteração na estrutura da dupla listagem para permitir que detentores de American Depositary Receipts (ADRs), títulos de ações da companhia negociados na Bolsa americana, possam votar na assembleia que deliberará sobre a transação.
A ideia de levar a negociação de ações para Nova York é antiga na JBS. O objetivo é conseguir melhor acesso ao mercado americano, onde é possível levantar recursos em dólar com menores custos para fazer ofertas de ações ou títulos de dívida. E também atrair uma base muito maior de investidores.
A estimativa da JBS é que com a operação nos EUA, a empresa poderia aumentar seu valor de mercado para cerca para US$ 30 bilhões dos atuais US$ 16 bilhões.
O CEO Global da empresa, Gilberto Tomazoni, disse na teleconferência de resultados de 2024, que a expectativa da empresa era que as negociações começassem a ser negociadas nos EUA até o final deste ano.
Analistas, entretanto, ponderam o documento entregue à SEC é uma estimativa de datas, já que o calendário pode sofrer alterações.
“A Assembleia Geral da JBS S.A., provisoriamente marcada para 23 de maio de 2025, não será convocada se a declaração de registro no Formulário F-4, da qual este prospecto faz parte, não for efetivada”, afirmou a companhia no documento.
O F-4 é um formulário da SEC que registra a emissão de títulos por empresas estrangeiras. Ele é usado em determinadas transações, como fusões, aquisições, ofertas de troca de ações, reclassificações, consolidações e transferências de ativos.