Economia

Fantástica fábrica de chocolate

Jorge Vasconcelos, dono da Faultless, se prepara para produzir 1,5 mil kg de chocolate para o período pascal

Como Willy Wonka, Vasconcelos tem o trabalho que é um “sonho” para muita genteComo Willy Wonka, Vasconcelos tem o trabalho que é um “sonho” para muita gente - Foto: Paullo Allmeida

Dono da pernambucana Faultless, Jorge Vasconcelos, 45 anos, fala do negócio com uma cara de quem acabou de comer uma barra de chocolate. É que, olhando para trás, ele não se arrepende de ter largado a carreira de economista e de ter embarcado no sonho de ter uma ‘Fantástica fábrica de chocolate’ para chamar de sua. Passados 20 anos, o empresário se orgulha em dizer que a produção - que ocupava a cozinha da mãe - ganhou um espaço sofisticado e gera empregos. Às vezes, é verdade, o chocolate é meio amargo e é preciso puxar a corda para sobreviver. Acostumado a vender expectativas e felicidade, o pioneiro em fabricar doces no Estado esbarrou na crise econômica do País e precisou rever seus planos de crescimento. Assim que as coisas melhorarem, projeta, abrirá cafeterias nos shoppings da cidade.
"Eu sempre me imagino crescendo, transformando minha loja. Tudo isso, no entanto, depende de como a economia vai se comportar", diz, atento ao trabalho de seus auxiliares. Ao todo, ele, sua esposa, Ana Carolina Escorel, 37 anos, e mais 13 pessoas estão envolvidas com a fabricação em série e artesanal do produto, que é queridinho de 10 entre 10 brasileiros, em sua loja, no bairro dos Aflitos. “Primeiro, o chocolate passa pela fase do derretimento e depois pela temperagem, quando é cristalizado até atingir o ponto desejado. Tempo depois, ele vai para a câmara fria, é embalado e, por último, vai para o balcão”, explica, destacando que o processo para finalizar um ovo, por exemplo, leva em torno de 30 minutos. Por dia, quase 200 ovos são produzidos e distribuídos para Alagoas, Rio Grande do Norte e Paraíba, além de Pernambuco.
Quem vê Jorge falando do ofício pensa, por horas, ser um trabalho que se limita a tarefa de criar sabores e embalagens. Mas não é. As barras de chocolate, os bombons e os ovos de Páscoa passam despercebidos diante dos seus olhos e das quase dez horas de trabalho à frente do negócio. Para ele, o foco é cumprir os prazos, deixar as vitrines prontas para esta que será a semana decisiva para a empresa e tentar reverter o cenário dos últimos dois anos, quando a produção caiu 50% e a redução do quadro de funcionários foi inevitável. “Para um microempresário, demitir é triste demais. Essa nunca foi a alternativa que eu busquei”, lamenta, frisando que, nos bons tempos, chegava a empregar mais de 20 pessoas nesta época e crescia 20% ao ano.
Além da recessão, Vasconcelos precisou enfrentar a mudança de mercado e a queda na renda das famílias, que deixaram de lado os supérfluos. “Antigamente, o mundo era mais romântico e as pessoas davam chocolate de presente. Agora, brigamos com outros produtos em meio a esse cenário”, lamenta, ressaltando que os preços dos seus produtos concorrem com os ofertados pelas grandes redes varejistas. "Nossos ovos variam de R$ 5,80 a R$ 47, além de contarmos com o especial, de 2 quilos, com custo de R$ 237", diz, acrescentando que, ao vender o doce, o preço vai além do gasto monetário.

Comercializar chocolate, na visão dele, é uma forma de se reconectar com o passado, quando os sonhos se limitavam a cozinha de sua mãe.

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