Crédito para negativados

FGTS: conselheiros do fundo discordam em uso dos 13 bilhões para negativados

O entendimento é que a medida representa risco para as contas do FGTS

FGTSFGTS - Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

Leia também

• Mutirão dos Superendividados começa nesta quinta (9); veja como negociar dívidas

• Bolsonaro diz que Auxílio Brasil de R$ 400 é proposta humanitária

• Preço médio do gás de cozinha fica em R$ 95 nos últimos seis meses

 Integrantes do Conselho Curador do FGTS veem com preocupação a proposta em estudo no governo que permite o uso de parte dos recursos do Fundo para criar um financiamento para pessoas negativadas, que seria operado pela Caixa Econômica Federal.

O entendimento é que a medida representa risco para as contas do FGTS, além de abrir caminho para a aprovação de vários projetos de parlamentares de ampliar as possibilidades de saque.

Conforme mostrou o Globo, o Ministério do Trabalho e Previdência e a Caixa estudam uma proposta que prevê  a destinação de R$ 13 bilhões do patrimônio do FGTS para formar um fundo garantidor de microcrédito.

O banco pretende lançar uma nova modalidade para emprestar para pessoas físicas e micro e pequenas empresas endividadas e com nome negativado na praça. 

Cerca de 20 milhões poderiam ser beneficiados, com financiamentos de R$ 500 a R$ 15 mil. Em caso de inadimplência, a Caixa poderia acionar esse novo fundo para arcar com o prejuízo.

Para adotar a medida, o governo precisa da aprovação do Congresso. O fundo é patrimônio dos trabalhadores.

Segundo um conselheiro que prefere não se identificar, o governo precisa apontar quem vai arcar com um eventual prejuízo para o FGTS em caso deste fundo ser usado: a Caixa ou o Tesouro Nacional. Desde 2001, a Caixa assume o risco de todas as operações do Fundo. 

Para o representante da Força Sindical no Conselho Curador, Atevaldo Leitão, a medida poderá favorecer a aprovação de uma centena de projetos no Congresso que buscam ampliar as possibilidades de saque, com potencial para comprometer todo o patrimônio do Fundo. 

Se o governo pode, os parlamentares também podem, disse. Desde outubro, os conselheiros tentam segurar a tramitação isolada das propostas.

— Há um movimento no Congresso e no governo para esvaziar o FGTS. Isso é muito ruim porque não se trata apenas de uma garantia para os trabalhadores na hora da demissão.  O FGTS investe em políticas públicas de geração de emprego e renda, como compra da casa própria e saneamento básico —  disse o conselheiro. 

Para o economista José Márcio Camargo, um dos estudiosos do FGTS, o microcrédito gera emprego e renda e, portanto, estaria dentro da função social do Fundo, focado, por lei, em habitação e saneamento atualmente, atividades que também geram emprego e renda.

Contudo, ele destaca a intenção da Caixa de emprestar para quem não tem capacidade de pagamento.

— O crédito precisa ser bem dado. Ter a certeza de que o tomador vai pagar. Emprestar para quem tem nome negativado é um péssimo começo – disse o economista. 

O deputado Paulo Pereira da Silva (Solidariedade-SP) disse que se governo levar adiante o projeto, o partido poderá acionar o Supremo Tribunal Federal (STF). 

— Isso é um absurdo. O governo quer dar esmola com o chapéu dos outros. Não sei se  isso teria amparo jurídico porque o dinheiro do FGTS pertence aos trabalhadores — disse o parlamentar, ligado à Força Sindical.

Veja também

Amazon planeja US$ 150 bi em investimentos para se preparar para explosão de demanda por IA
TECNOLOGIA

Amazon planeja US$ 150 bi em investimentos para se preparar para explosão de demanda por IA

Dupla de Páscoa: loteria especial supera Mega-Sena com valor de R$ 35 milhões; saiba como apostar
loteria

Dupla de Páscoa: loteria especial supera Mega-Sena com valor de R$ 35 milhões; saiba como apostar

Newsletter