Dom, 07 de Dezembro

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Governo Lula prevê conversas entre ministros e auxiliares de Trump antes de encontro presencial

Chefe da diplomacia americana deve conversar com autoridades brasileiras em breve

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio  - Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados e Departamento de Estado dos EUA/Divulgação

Após o telefonema entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, na manhã de segunda-feira, o próximo passo é a realização de reuniões entre membros do primeiro escalão dos governos brasileiro e americano para preparar o encontro entre os dois mandatários.

Auxiliares de Lula e diplomatas acreditam que os contatos ocorrerão rapidamente e dependem apenas da agenda interna das autoridades americanas.

Designado por Trump para ser o interlocutor da Casa Branca em uma negociação comercial com o Brasil, o secretário de Estado, Marco Rubio, deve conversar com o chanceler Mauro Vieira, sua contraparte no Brasil. Rubio e Vieira tiveram o primeiro encontro em Washington, em julho deste ano, no auge da crise entre Brasil e Estados Unidos.

É esperado que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, mantenha contato com o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

Ambos já conversaram algumas vezes em um contexto diferente do atual. Alckmin também poderá conversar com Rubio e com o representante de Comércio da Casa Branca, Jamieson Greer.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tentará se reunir com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Haddad estará em Washington na próxima semana, para reuniões do G20 (grupo formado pelas maiores economias do mundo), do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Vieira, Alckmin e Haddad estavam ao lado de Lula no Palácio da Alvorada durante a conversa telefônica com Trump.

Ainda não foi batido o martelo sobre onde ocorrerá o encontro. A Malásia é considerada o local mais provável, pois sediará a cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean) no dia 26 deste mês. Lula, Trump e outros líderes mundiais foram convidados para o evento.

De acordo com relatos de pessoas que estavam ao lado de Lula durante o telefonema, além da Asean, os dois presidentes mencionaram como possibilidades a remota ida de Trump a Belém (PA), para a COP30, no início de novembro — o que seria uma enorme surpresa para todos. A outra possibilidade seria uma visita do líder brasileiro aos EUA.

Segundo auxiliares de Lula, o momento atual é de "contenção da escalada" da crise entre Brasil e EUA. Por isso, antes de desmontar o tarifaço de Trump e eliminar as sanções contra cidadãos brasileiros, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, é preciso garantir que os ataques de fato cessem.

Após dois meses em que Trump praticamente condicionou uma negociação comercial com o Brasil à suspensão do processo contra Jair Bolsonaro no STF — atitude considerada um desrespeito à soberania nacional pelo governo brasileiro — o mandatário americano não citou o nome do ex-presidente. Ele deixou claro que seu país quer fazer negócios com o Brasil, na visão de alguns interlocutores que acompanham o assunto.

Um dos mais ferozes críticos do governo e do Judiciário brasileiro é Marco Rubio. Porém, desde que Trump anunciou que iria se encontrar com Lula, os ataques de Rubio e de sua equipe ao Brasil, a maioria nas redes sociais, foram interrompidos.

A presença de Rubio à frente da política externa americana, embora considerada delicada em razão de seu perfil ideológico, não parece ser um fator de preocupação para os diplomatas brasileiros. Integrantes do governo que acompanham o assunto em Brasília ressaltam que caberá ao secretário de Estado americano cumprir as ordens de Trump: criar um canal direto e claro para negociações — ainda que marcado por divergências políticas anteriores.

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