Guerra comercial de Trump é 'autodestrutiva' e está levando EUA à recessão, diz premiê do Canadá
Mark Carney, que tem experiência no mercado financeiro, admite reflexo eu seu país
O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse que a política tarifária de Donald Trump é um ato de autossabotagem econômica que está empurrando os EUA para uma recessão.
Carney, ex-presidente do Banco do Canadá e do Banco da Inglaterra, afirmou nesta segunda-feira que a guerra comercial do presidente dos EUA é "autodestrutiva para a economia americana e, portanto, para a economia global".
— Os EUA estão se conduzindo a uma recessão — disse Carney durante uma parada de campanha eleitoral em Victoria, na Colúmbia Britânica. — Acho que a mensagem central para os canadenses é algo que venho dizendo repetidamente, mas quero enfatizar de verdade: podemos conquistar muito mais do que os EUA podem tirar de nós.
Será difícil para o Canadá evitar uma recessão se os EUA continuarem com sua política tarifária e entrarem em uma, disse o primeiro-ministro, mas o país pode tomar medidas como reduzir barreiras comerciais entre as províncias e construir relações comerciais com outros países. Os EUA compram cerca de três quartos das exportações do Canadá.
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O caos nos mercados desencadeado pela guerra comercial de Trump continuou pelo terceiro dia nesta segunda-feira, com ações, títulos e commodities oscilando fortemente.
Em certo momento, aproximadamente US$ 10 trilhões foram eliminados dos mercados acionários em todo o mundo desde que o presidente dos EUA anunciou tarifas sobre países ao redor do mundo em 2 de abril, levando China e outros a anunciarem retaliações.
Experiente no mundo dos negócios, Carney, que renunciou ao cargo de presidente da gestora de ativos Brookfield antes de concorrer com sucesso para substituir Justin Trudeau como líder do Partido Liberal do Canadá, afirmou que os mercados e os bancos estão funcionando bem.
O primeiro-ministro conversou com o presidente do banco central do Canadá, Tiff Macklem, mais cedo no dia, bem como com o ministro das Finanças, François-Philippe Champagne.
— Temos instituições financeiras absolutamente sólidas neste país, então elas não estão piorando a situação — disse ele. — O que está acontecendo nos mercados é que eles estão reagindo ao que alertamos: que essas tarifas são fundamentalmente prejudiciais à economia americana e, por extensão, à economia global.
O Canadá foi poupado das chamadas “tarifas recíprocas” de Trump na semana passada, mas foi atingido por tarifas de 25% sobre automóveis, aço e alumínio, além de produtos que não cumprem o acordo comercial da América do Norte. O Canadá retaliou com tarifas sobre dezenas de bilhões de dólares em produtos americanos.
— Temos uma estratégia, que é enfrentar os americanos para mudar essas políticas tarifárias impostas pelos EUA, e fizemos progressos — disse Carney.
O líder canadense conversou com Trump por telefone no mês passado e disse que os dois concordaram que as negociações podem começar após a eleição canadense, em 28 de abril.
— Veremos o que acontece em algumas semanas — acrescentou Carney.
Ele também prometeu proteger os trabalhadores da indústria madeireira canadense caso Trump cumpra a ameaça de aplicar tarifas sobre a madeira de construção macia do país.

