Haddad diz que Brasil está melhor posicionado que seus pares latinos para enfrentar tarifas dos EUA
Ministro mencionou, como exemplo, 'reservas cambiais em dólar e saldo comercial robusto'; País, no entanto, não está imune a cenário adverso da economia mundial
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Brasil está melhor posicionado que outros países da América Latina para enfrentar os impactos das tarifas impostas pelos Estados Unidos na economia mundial.
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Haddad participou do 11º Fórum Anual de Investimentos do Bradesco BBI, realizado nesta terça-feira, em São Paulo.
— O Brasil, no quadro geral, está bem. Tem reservas cambiais, um saldo comercial robusto. Não é o caso de nenhum outro país latino-americano, por exemplo. Ninguém está nessa situação. Diante do incêndio, relativamente, nós estamos mais perto da porta.
A declaração do ministro está em linha com o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse ontem, em São Paulo, quando argumentou que a herança de seus governos anteriores, incluindo o pagamento da dívida externa brasileira e a criação do “colchão de proteção” em dólar, trazem tranquilidade ao país.
Haddad também avalia que os bens produzidos aqui podem chegar mais baratos nos Estados Unidos, quando comparados a produtos de outros países.
O Brasil poderia, então, "avançar no que eles importam hoje". No entanto, diz o ministro, o país não é imune aos impactos da guerra comercial entre Estados Unidos e China.
O governo de Donald Trump anunciou nesta terça-feira uma taxa adicional de 50% sobre produtos importados da China, que passa a valer amanhã.
Com a medida, o imposto total sobre bens chineses passa para 104%.
O anúncio empurrou o dólar à casa dos R$ 6.
Trump havia ameaçado taxar os produtos chineses em mais 50% ontem. Isso aconteceu porque a China impôs uma taxa extra de 34% sobre produtos americanos, após o republicano anunciar, semana passada, taxa de mesmo valor para os bens chineses — que se somariam aos 20% que já eram aplicados.
— Quando você afeta a China, você afeta o Brasil de alguma maneira. É nosso principal parceiro comercial. [...] Quando você faz um movimento brusco desses, o desarranjo que isso vai provocar… Não temos condições de prever. A única coisa que podemos dizer é que esse esforço é forte demais para não ter consequências sobre produtividade e sobre o crescimento da economia global. É uma fantasia imaginar que os Estados Unidos vão começar a produzir amanhã (tudo) aquilo que importam hoje — afirmou Haddad.
Haddad disse que, neste momento, o Brasil deve manter sua postura historicamente diplomática, considerando parceiros comerciais cada vez mais relevantes.
— Nós estamos exportando mais para os Estados Unidos, mas (também) estamos exportando mais para a Europa e para o Sudeste Asiático, particularmente para a China.

