Indústria visa maior participação no Vale do São Francisco pernambucano
Pequisa revela tímida inserção do setor no mercado sertanejo
A região do São Francisco desponta no cenário nacional como o maior exportador de frutas. No entanto, a presença industrial por lá ainda é relativamente pequena e se apresenta como um gargalo para a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe). De acordo com pesquisa realizada pela Federação, do total aproximado de 8,5 mil empresas, apenas 11,7% são indústrias. Comércio, serviço e agronegócio correspondem, respectivamente, por 44,8%, 30,3% e 13,3% do contingente total. Essa constatação agora servirá de diagnóstico e contribuirá para a possível mudança de hábito do empresariado frente aos mercados interno e externo.
"É importante que essa participação cresça", sentenciou o gerente do núcleo de economia e negócios internacionais da Fiepe, Thobias Silva. Isso acontece, ainda de acordo com Silva, porque o ambiente econômico enfrenta algumas dificuldades. "As indústrias têm dificuldade para ter acesso ao crédito, dizem ter problema com o acesso ao mercado internacional, apesar de o vizinho (a fruticultura irrigada) já fazer isso e com os custos operacionais ocasionados pela má qualidade da infraestrutura", listou.
Apesar desses impasses, o gerente da Fiepe disse perceber oportunidades para as indústrias locais. "A aposta deveria acontecer no sentido de as empresas alcançarem o mesmo patamar de eficiência do agronegócio local. E isso pode ser feito por meio de um processo de otimização de custos. A energia, por exemplo, pode ser substituída por fontes alternativas mais baratas", sugeriu.
Mas não acaba por aí, acrescenta Thobias Silva. A Fiepe endossará suas decisões futuras para a localidade sob o novo olhar do mapeamento, que analisou o ambiente industrial e identificou as empresas situadas nas cidades de Afrânio, Cabrobó, Dormentes, Lagoa Grande, Orocó, Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. A amostra foi realizada com 259 indústrias, de um universo de 859. A distribuição por parte dos estabelecimentos industriais da Região do São Francisco se aproximou da distribuição estadual, composto majoritariamente por micro e pequenas empresas, totalizando 98,8% das indústrias.
Outra informação interessante é que, de 2010 a 2015, mesmo com uma participação ainda tímida na região, existe um movimento ascendente da atividade industrial, com elevação de 40,9% no número de estabelecimentos industriais. Contudo, do ano de 2014 para 2015, foi registrada queda de 3,4%, fato que pode estar relacionado com a má conjuntura econômica nacional. Os subsetores industriais que mais perderam empresas foram: construção civil, metalurgia, borracha, fumo, couro, material de transporte e indústria química.
Infraestrutura
No detalhamento da composição da infraestrutura energética, o custo da energia foi considerado alto ou muito alto por 43,0% dos entrevistados. A agilidade do atendimento da distribuidora foi considerada ruim ou muito ruim para 15,3% dos entrevistados. Nesse sentido, observa-se que os dois maiores problemas com o fornecimento de energia elétrica foram a interrupção e a baixa voltagem, apontados por 9,3% e 7,7%.
O uso de energia alternativa ainda é bastante incipiente na região, apenas 3,5% das empresas entrevistadas utilizam alguma energia em complementaridade com a elétrica. O gerador e a energia solar aparecem como as mais citados e, quando utilizados, não ultrapassam 10,0% do consumo da planta industrial.
Na avaliação dos serviços relacionados à telecomunicação e modais de transporte, nota-se que o acesso à internet (30,0%), a qualidade das estradas (29,4%) e a cobertura da telefonia móvel (24,2%) foram considerados ruim ou muito ruim. Os entrevistados alegaram instabilidade do sinal e baixa velocidade para transferência de dados, buracos e má sinalização e interrupções das ligações telefônicas