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IPCA

Inflação desacelera em abril, mas ainda pressiona bolso do consumidor

Alta foi de 0,43% no mês, puxada por medicamentos e alimentação fora do lar. Economista avalia que alívio no poder de compra ainda é limitado

Inflação desacelera em abril, mas ainda pressiona bolso do consumidorInflação desacelera em abril, mas ainda pressiona bolso do consumidor - Foto: AFP

A inflação oficial do país apresentou desaceleração em abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 0,43%, abaixo dos 0,56% de março. Apesar do ritmo mais brando, o índice segue acima da meta do Banco Central para o ano.

No acumulado de 2024, o IPCA já soma 2,48%. Em 12 meses, a inflação alcança 5,53%, superando o centro da meta estipulada para este ano, de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.

Mesmo com a desaceleração, alguns grupos seguem pressionando o índice, especialmente Alimentação e bebidas e Saúde e cuidados pessoais. A alimentação fora do domicílio continua em alta, refletindo o comportamento resiliente do setor de serviços. Já os preços dos medicamentos subiram após o reajuste autorizado pelo governo federal, de até 5,09%, a partir de 31 de março.

O economista Sandro Prado avalia que o impacto no grupo Saúde foi direto. “O aumento de 2,32% nos medicamentos é consequência do reajuste anual autorizado. Esse tipo de elevação costuma ter efeito concentrado e pontual, geralmente diluído em um ou dois meses subsequentes”, explicou. O especialista acredita que, salvo novos choques de preços, a tendência é de arrefecimento dessa pressão a partir de junho.

Projeção
Para os próximos meses, os setores que mais exigem atenção são alimentação e serviços. De acordo com Sandro Prado, o clima e a oferta agrícola em produtos como arroz, feijão e hortaliças serão determinantes para o comportamento da inflação dos alimentos. “Já o setor de serviços, que inclui alimentação fora de casa e cuidados pessoais, precisa ser observado por causa da inércia inflacionária e possíveis repasses de custos”, destacou.

O grupo Saúde também entra no radar, especialmente com os reajustes de planos de saúde esperados para o segundo semestre.

Cautela
Apesar da desaceleração do índice, a percepção do consumidor ainda é de aperto. Sandro Prado explica que o alívio no bolso ainda é pouco perceptível, especialmente entre as famílias de menor renda.

“A inflação de alimentos ainda está alta, e o impacto da queda nos preços de combustíveis ou transportes é menos sentido no dia a dia. A melhora real só vem quando a desaceleração se mantém em itens de consumo recorrente, como os alimentos, e quando há recomposição de salários — o que ainda não ocorreu de forma expressiva em 2025”, concluiu.

Selic
Sobre os desdobramentos para a política monetária, Sandro Prado avalia que há espaço técnico para o Banco Central manter ou até flexibilizar a taxa Selic, mas sem pressa. “A aceleração do ritmo de cortes parece pouco provável no curto prazo, diante da inflação ainda acima da meta e da necessidade de preservar a credibilidade do regime de metas”, analisou.

Segundo o economista, a expectativa é de que a taxa Selic permaneça congelada nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom), com possíveis reduções graduais apenas no segundo semestre de 2025. “Tudo vai depender do comportamento das expectativas de médio prazo e de variáveis como os juros nos Estados Unidos e a política tarifária de um eventual retorno de Trump à presidência”, ponderou.

Veja o resultado dos grupos do IPCA em abril
Alimentação e bebidas: 0,82%;
Habitação: 0,14%;
Artigos de residência: 0,53%;
Vestuário: 1,02%;
Transportes: -0,38%;
Saúde e cuidados pessoais: 1,18%;
Despesas pessoais: 0,54%;
Educação: 0,05%;
Comunicação: 0,69%.
 

 

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