Sáb, 06 de Dezembro

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FRAUDES NO INSS

INSS: Lewandowski diz que escritório do filho contratado por alvo da PF não atuou em ministério

Banca do advogado Enrique Lewandowski firmou acordo com associação antes de operação da PF

Ricardo LewandowskiRicardo Lewandowski - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) afirmou nesta terça-feira que escritórios de advocacia contratados por entidades investigadas pela Polícia Federal (PF) por supostas fraudes em aposentadorias e pensões do INSS não atuaram junto ao Ministério da Justiça.

Ele foi questionado em audiência na Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados após o portal Metrópoles revelar um acordo assinado entre uma dessas associações e o escritório do advogado Enrique Lewandowski, filho do ministro.

— Alguns escritórios de advocacia no ano passado foram contratados para regularizar a situação (das entidades). São atuações perfeitamente legais. Não há nenhuma atuação no Ministério da Justiça. Nós esquadrinhamos e não há nenhuma petição, audiência, requerimento, absolutamente nada que possa comprometer a autonomia do ministério — disse Lewandowski.

O contrato previa que a banca representasse o Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap) junto ao próprio INSS e a outros órgãos do governo.

O acordo entre o escritório de Enrique Lewandowski e o Cebap foi firmado enquanto a entidade já estava na mira da Polícia Federal e quatro meses antes de a operação ser deflagrada na semana passada. De acordo com a proposta, a contratação seria formalizada em razão do "escrutínio" de diferentes órgãos da administração pública sobre as entidades.

Em nota, o advogado reiterou que a banca não agiu junto à pasta chefiada pelo pai e que o documento assinado com a entidade trata de uma "proposta de prestação de serviços na área do direito administrativo" e não contempla a área criminal.

Uma operação na semana passada, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), revelou detalhes dos desvios em um universo de R$ 6,3 bilhões recebidos pelas associações entre 2019 e 2024 por meio de descontos diretamente nas folhas de pagamentos de aposentados e pensionistas. O Cebap recebeu R$ 139 milhões, segundo relatório da CGU.

O acordo firmado entre o escritório e a associação prevê que os advogados representem a entidade "institucionalmente" no INSS, CGU, Tribunal de Contas da União (TCU), Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon, vinculada ao Ministério da Justiça) para prestar assessoria jurídica e "assegurar a manutenção dos Acordos de Cooperação Técnica (ACTs)", tipo de instrumento que permite os descontos sob investigação.

Há no documento a ressalva de que não estão previstas a atuação em "ações judiciais ou demandas administrativas, que serão objeto de propostas específicas, caso solicitado pelo cliente".

A proposta de contratação previa prazo inicial de 12 meses, com possibilidade de renovação por igual período, e pagamento mensal de R$ 200 mil divididos entre três escritórios de advocacia. Desse valor, R$ 50 mil mensais seriam destinados à banca de Enrique Lewandowski.

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