Economia

Lançamento da CNN Brasil impactará mercado televisivo

O novo canal será administrado por Douglas Tavolaro, que até agora era o número dois da divisão de notícia da TV Record

Sede da CNN nos EUASede da CNN nos EUA - Foto: Kevin C. COX / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / A

Com o lançamento da CNN Brasil, o maior mercado televisivo de notícias da América Latina será impactado pelo surgimento de um novo e poderoso elemento em um território dominado pela Globo News.

Sua chegada, anunciada este mês, acontece em um momento de redefinições radicais no Brasil, que vive uma guinada à extrema direita com o presidente Jair Bolsonaro.

A CNN Brasil vai compartilhar a mesma marca da rede nos Estados Unidos, pioneira na transmissão de notícias 24 horas por dia, mas funcionará com licença própria, operada e atendida por brasileiros, seguindo o modelo da CNN Turquia e CNN Indonésia.

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A CNN já conta com seu canal em espanhol para a maior parte da América Latina. A CNN Brasil proporcionará seu conteúdo em português.

Em um comunicado divulgado na semana passada, Rubens Menin, o brasileiro bilionário do setor da construção civil que financia a CNN Brasil, anunciou que o novo canal será administrado por Douglas Tavolaro, que até agora era o número dois da divisão de notícia da TV Record.

"A CNN Brasil será lançada nacionalmente com agências de notícias em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Brasília e correspondentes no exterior", indica o comunicado. O novo veículo vai contratar 400 funcionários, segundo informações que circulam na imprensa, e iniciará suas transmissões no final de 2019.

Tavolaro não confirmou o tamanho do modelo, mas em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo afirmou que será "um time importante de jornalistas e profissionais de mídia das mais diferentes áreas em todo país". 

Desde que Bolsonaro foi eleito, Menin se mostrou um grande partidário do presidente, apoiando sua agenda econômica liberal. A Record, rede de propriedade da poderosa igreja Universal, é também afim ao novo presidente, que desde sua eleição concedeu à emissora várias entrevistas, esnobando, ao mesmo tempo, sua grande rival Globo e outros veículos nacionais.

Menin e Tavolaro foram recebidos na semana passada por Bolsonaro no palácio do Planalto, para discutir o lançamento do canal.

Nova Fox News
O histórico dos fundadores levantou questões sobre a possibilidade de a CNN Brasil ser outra ferramenta de mídia da igreja Universal ou se adotará uma linha semelhante à Fox News nos Estados Unidos - que apresenta reportagens e comentários fortemente favoráveis ao presidente Donald Trump, com quem Bolsonaro é frequentemente comparado.

"O novo canal será um aliado de Jair Bolsonaro?", perguntou o portal Notícias da TV. "Não há indicações de que o novo governo esteja envolvido no desenvolvimento da CNN Brasil, mas não há dúvida de que se beneficiará dele, não apenas pelo impacto que sua criação terá sobre a concorrência", afirmou o portal de notícias.

Outras vozes, incluindo as de partidários de Bolsonaro, expressaram nas redes sociais o medo de que o novo canal possa tratar o presidente da mesma forma crítica que a CNN nos Estados Unidos trata Trump.

Tavolaro rejeita as especulações. À Folha de S. Paulo afirmou que "as teses se multiplicam com um nível de invenção incrível".

"Não existe nada disso. Seremos uma emissora de jornalismo com a única missão de levar ao público, aos anunciantes e ao mercado publicitário informação com qualidade, imparcialidade e correção, e pluralidade de opinião entre nossos colunistas", explicou ainda.

Enquanto isso, o grupo Globo e seu conglomerado de canais de televisão, portais na internet, emissoras de rádio, revistas e o jornal de maior tiragem pode ser afetado pela CNN Brasil.

Até 2014, as finanças do grupo subiram constantemente. Mas, desde então, a competição - que inclui Netflix e a própria internet - fez reduzir sua receita publicitária. Esse saldo em 2017 foi de 14,8 milhões de reais, uma queda de 9% em três anos.

Grande audiência
A Rede Globo continua desfrutando de enorme popularidade, com cerca de 100 milhões de espectadores por dia, em grande parte graças a suas novelas.

Comparando com a CBS, a rede mais assistida nos Estados Unidos, que tem cerca de 9 milhões de espectadores por dia em seu horário nobre, é possível ver o potencial das redes de televisão no Brasil.

A CNN nos Estados Unidos tem cerca de um milhão de espectadores por dia. A rede de notícias é de propriedade da Turner Broadcasting System, que pertence à gigante das telecomunicações AT&T. Os Estados Unidos têm 325 milhões de habitantes, contra 210 milhões no Brasil

Tavolaro afirmou que a marca CNN dará prestígio à operação. "Estamos confiantes de que o público e o mercado vão adotar a CNN no Brasil", concluiu.

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