Preço do combustível

Mourão não vê intervenção na Petrobras e defende criação de fundo para amortecer aumento

Para o vice-presidente, não há como o governo interferir na política de preços da Petrobras

Vice-presidente do Brasil, Hamilton MourãoVice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) disse nesta segunda-feira (22) não ver a troca no comando da Petrobras como uma intervenção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
 
Em entrevista ao chegar à Vice-Presidência, Mourão defendeu a criação de um fundo cujos recursos seriam utilizados para amortecer aumentos nos preços dos combustíveis.
 
As ações da Petrobras caem mais de 17% na manhã desta segunda, enquanto outras estatais como Eletrobras, Banco do Brasil e Sabesp acompanham o rítmo de queda. Em Nova York, os papéis da petroleira também despencam mais de 16%.
 
Na noite de sexta-feira (19), Bolsonaro anunciou a indicação do general Joaquim Silva e Luna como novo presidente da Petrobras. Na véspera, durante sua live semanal, o presidente havia afirmado que faria mudanças na estatal.
 
Se a intervenção de Bolsonaro na Petrobras for confirmada pelo conselho de administração da companhia, que tem reunião marcara para esta terça (23), Silva e Luna substituirá Roberto Castello Branco, alvo de críticas de Bolsonaro.
 
Questionado sobre os episódios da semana passada, Mourão negou que tenha havido intervenção.
 
"Não, pô, está dentro da atribuição do presidente. O mandato do Roberto terminava dia 20 de março, poderia ser renovado ou não, a decisão é não renovar", afirmou Mourão.
 
Para o vice-presidente, não há como o governo interferir na política de preços da Petrobras e atribuiu a troca de comando a uma questão de confiança.
 
"É uma questão de confiança na pessoa que está lá, pelo que o presidente colocou", afirmou, complementando que, em sua opinião, talvez tenha havido "uma falta de comunicação do Roberto com o presidente".
 
Diante dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis, Mourão defendeu a criação de um colchão compensatório para os momentos de flutuação, mesma proposta que chegou a ser discutida em 2018, durante a greve dos caminhoneiros no governo Michel Temer (MDB).
 
"Na minha visão, a solução para isso é se a gente conseguisse criar um fundo soberano com base nos royalties do petróleo e este recurso, quando houvesse essas flutuações, fosse utilizado para amortecer os aumentos. Não tem outra solução fora disso aí."


Logo depois do anúncio de Bolsonaro, a Petrobras perdeu cerca de R$ 60 bilhões em valor de mercado -R$ 28 bilhões na Bolsa brasileira e outros R$ 30 bilhões nas negociações dos papéis no exterior.
 
No domingo (21), a XP Investimentos rebaixou sua recomendação para as ações da Petrobras de neutro para venda. O preço-alvo foi revisado de R$ 32, na avaliação anterior, para R$ 24, tanto para ações ordinárias (com direito a voto) quanto para as preferenciais (sem direito a voto).
 
"Isso tudo é especulação. Mercado é rebanho eletrônico. Sai correndo para um lado, daqui a pouco eles voltam correndo de novo. Não vejo que vá prejudicar demais isso aí, daqui a pouco volta tudo", argumentou Mourão.
 
Mourão defendeu o nome de Silva e Luna e disse que a presença de um general no comando da Petrobras não prejudicará nem a empresa nem as Forças Armadas.
 
"Essa simbiose aí entre a Petrobras e as Forças Armadas, em particular o Exército, a Marinha também tem muita gente que trabalhou lá, não vejo como algo que vá prejudicar a empresa, muito pelo contrário", disse o vice-presidente.

 

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