Renda

Na pior década da história, renda dos brasileiros encolhe 5,5%

São raros, na história econômica mundial, episódios de empobrecimento ao longo de uma década inteira

DinheiroDinheiro - Foto: Agência Brasil

Em média, cada brasileiro teve renda de R$ 35.172 em todo o ano passado. Em um cálculo simples, o valor significa uma perda próxima de R$ 1.770 em relação a 2019, já considerada a inflação, e de R$ 2.040 ante 2010. Dito de outra maneira, o país empobreceu 5,5% na década encerrada em 2020, no pior desempenho já registrado pelas estatísticas e estimativas disponíveis, que alcançam até o início do século passado.

Mesmo no período 1981-1990, conhecido na história como a década perdida, a queda acumulada do Produto Interno Bruto por habitante foi menos intensa, próxima dos 4% –com a ressalva de que a metodologia de apuração do PIB mudou de lá para cá.

Como se pode intuir, a chamada renda per capita de um país encolhe quando o crescimento do PIB é menor que a expansão populacional num mesmo intervalo de tempo. No decênio há pouco encerrado, o produto –vale dizer, toda a renda gerada na indústria, nos serviços e na agropecuária– teve alta real de pouco menos de 2,7%, a menor já medida em tal período.

Enquanto isso, o aumento do número de brasileiros, mesmo em processo de desaceleração, beirou os 8,7% nas projeções do IBGE. Dessa maneira, os 211,8 milhões de habitantes do país no ano passado dispunham de menos renda, em média, que os 194,9 milhões de 2010.

São raros, na história econômica mundial, episódios de empobrecimento ao longo de uma década inteira. Em geral, eles estão associados a guerras, rupturas políticas ou crises econômicas globais.

Desta vez, a pandemia de Covid-19 desempenhou papel decisivo ao derrubar a atividade na maior parte do mundo –e o Brasil não seria exceção.

Sem o coronavírus, é provável que o PIB per capita brasileiro tivesse encerrado o decênio próximo da estagnação, o que já seria considerado um péssimo resultado para um país de renda média.

No período, a economia nacional viveu de 2014 a 2016 sua segunda recessão mais profunda desde o início do século 20, apenas um pouco menos devastadora que a de 1981-83.

Ali chegava ao fim a política econômica do governo Dilma Rousseff (PT), que já colecionava números declinantes desde 2011 devido à combinação de ambiente internacional menos favorável e erosão da confiança doméstica nas ações e finanças do governo.

Os anos seguintes foram de contenção de gastos públicos, ajustes nas empresas estatais e permanência da instabilidade política, levando à quase estagnação do PIB por habitante –até a derrocada de 2020.

Embora o impacto econômico da pandemia no Brasil não figure entre os maiores do mundo, o mau desempenho do país no restante da década distanciou sua renda per capita dos padrões observados nas nações desenvolvidas. Conforme dados do FMI, a proporção entre o PIB por habitante brasileiro e o dos países ricos caiu de 32,6%, em 2010, para 28,2% em 2019, considerado o poder de compra das moedas.

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