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Orçamento

O plano de saúde está caro? Saiba como escolher

Planos de saúde individuais e familiares tiveram reajuste de 15,55%, mas, apesar do custo elevado, o serviço é considerado como uma prioridade pelas famílias

plano de saúdeplano de saúde - Foto: Arquivo/Agência Brasil

Um plano de saúde particular representa uma grande parcela do orçamento de muitos brasileiros. Apesar do custo considerado alto por muitos, esse serviço não deixa de estar na lista de prioridades das pessoas. O último reajuste nos planos de saúde individuais e familiares, aprovado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) no mês passado, foi de 15,55%. 

Os coletivos ou corporativos têm reajuste próprio e, até junho de 2022, ficaram até 19% mais caros. No entanto, o cenário não é de desistência na contratação do benefício. A Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge) calcula que no final deste ano o total de beneficiários será de 50,6 milhões, um aumento de 3,3%. A pandemia de Covid-19 teve forte influência no resultado.

Segundo a entidade, o ano de 2021 marcou a continuidade do crescimento no mercado de planos médico-hospitalares. Após longo período de queda do número de beneficiários, o que perdurou até 2019, o segmento voltou a apresentar crescimento na comparação anual a partir de dezembro de 2020. Neste período, a alta foi de 3,2%, o que representa o acréscimo de 1,5 milhão de beneficiários em 12 meses.

Alguns fatores explicam esse crescimento do mercado. “Um deles é o aumento da conscientização sobre o cuidado e o senso de urgência para contratação de planos de saúde durante a crise sanitária. Além disso, o modelo de atendimento flexível no período, com consultas também por Telemedicina, ampliou a percepção de acesso à saúde e ajudou a vencer o temor da frequência a clínicas, hospitais e consultórios durante o surto de Covid-19. Soma-se a isso a intensificação de iniciativas das próprias operadoras, a fim de atrair novos beneficiários”, explicou o superintendente executivo da Abramge, Marcos Novais.

Superintendente executivo da Abramge, Marcos NovaisSuperintendente executivo da Abramge, Marcos Novais. Foto: Arthur de Souza/Folha de Pernambuco

Sonho de consumo

Depois de mais de 10 anos sem plano de saúde, o microempresário Mozart Radamés, de 36 anos, foi um dos beneficiários que decidiram pela contratação durante a pandemia. Apesar de achar o custo de plano de saúde alto, ele realizou o contrato porque gostaria de ter uma assistência. “Veio a pandemia e fiquei com medo de pegar a Covid-19. Considero um comprometimento grande do meu salário, principalmente pelos altos impostos que já pagamos no Brasil, mas é necessário fazer esse pagamento. Fechei um plano dentro da base do meu poder aquisitivo”, contou Radamés.

Microempresário Mozart RadamésMicroempresário Mozart Radamés. Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Como o benefício é considerado de alto custo para muitas pessoas, é fundamental ficar atento na contratação. Se você está pensando em negociar a contratação de um plano de saúde, algumas dicas são importantes. No Brasil há mais de 700 operadoras e mais de 4 mil produtos de planos de saúde à disposição para venda.

“A primeira dica é avaliar várias opções. Assim como fazemos no mercado com diferentes produtos do dia a dia, é preciso buscar os melhores preços também dos planos de saúde. Por exemplo, avaliar quantas vezes você deve utilizar o plano com cobertura nacional. Isso é importante, pois essa opção aumenta cerca de 30% no valor do plano”, sugeriu Novais.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) indica levar em conta os seguintes critérios: os preços e reajustes (inclusive o reajuste por faixa etária), as necessidades e características de toda a família (como a ocorrência de doenças preexistentes, pessoas idosas, mulheres em idade fértil, entre outros), qual a cobertura assistencial (o que será atendido pelo plano), a abrangência geográfica (municipal, regional, estadual, nacional ou internacional) e a rede credenciada.

“É importante também observar a avaliação do desempenho da operadora no site da ANS e em outras páginas de reclamação na internet”, sugeriu o Idec.

Marcos Novais explica que “a contratação pode ser feita diretamente com a operadora de planos de saúde ou por intermédio de corretores, não se limitando a uma única fonte”. Então é fundamental procurar diferentes corretores.

Outra dica importante: por meio da portabilidade os beneficiários de planos de saúde podem continuar eventuais tratamentos já em andamento e também ter garantida a assistência à saúde com a mesma cobertura do plano de saúde já contratado.

Antes de assinar, é essencial ler atentamente o contrato e esclarecer possíveis dúvidas com o corretor, com a operadora, com a administradora de benefícios ou com a ANS; consultar a Carta de Orientação ao Beneficiário antes do preenchimento da Declaração de Saúde, formulário no qual você deve indicar doenças que saiba possuir; e responder a Declaração de Saúde com informações verdadeiras. Se tiver dúvidas, peça para ser orientado por um médico, pois você tem esse direito.

Mercado potencial

O cenário de leve diminuição do desemprego no País também contribui para o crescimento do mercado. É que o plano de saúde é  um dos benefícios oferecidos pelas empresas ao contratar pessoal. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), a taxa de desemprego no Brasil teve uma leve queda para 10,5% no trimestre encerrado em abril.  “Com isso, o mercado superou recentemente a marca de 49 milhões de beneficiários, o maior volume desde 2015”, informou Novais.

Segundo a Abramge, as despesas médicas per capita cresceram 20,38% de 2020 para 2021 devido à  Covid-19. “Em 2021, o reajuste do plano de saúde aprovado pela ANS foi de -8,19%, pois as despesas de 2020 comparadas a 2019 foram menores, pois muitas pessoas estavam em casa pela necessidade do isolamento social. No entanto, a onda da Covid-19 de 2021 foi bem mais forte para o setor privado. E diante do quadro o reajuste de 2022 foi de 15,5%, mas ainda assim não é a recomposição do custo inteiro”, disse Novais.

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