Odebrecht fecha acordo com bancos para escapar de recuperação judicial
Valor total do empréstimo é de R$ 2,6 bilhões, mas ainda não há a certeza de que a Odebrecht realmente terá acesso a todo esse montante
Depois de intensas discussões nos últimos dias, o grupo Odebrecht fechou um acordo com os bancos credores para uma nova injeção de capital de R$ 2,6 bilhões que evitará sua recuperação judicial. Apenas Bradesco e Itaú aceitaram liberar mais dinheiro para a empresa. Os documentos finais foram assinados nesta quinta-feira (24).
A negociação se arrastou por tanto tempo que levou a uma enorme correria para evitar que a construtora entrasse em default nesta sexta-feira (25), quando vence o "período de cura" de uma dívida de R$ 500 milhões com detentores de bônus no exterior. Para evitar que isso aconteça, os bancos devem liberar mais rapidamente esse montante.
O valor total do empréstimo é de R$ 2,6 bilhões, mas ainda não há a certeza de que a companhia realmente terá acesso a todo esse montante. O acerto selado nesta quinta-feira garante a liberação da primeira parcela de R$ 1,7 bilhão nos próximos dias.
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Para acessar os R$ 900 milhões adicionais, a Odebrecht ainda precisa chegar a um acordo com a Petrobras. A primeira parcela do empréstimo é garantida pelas ações preferenciais da petroquímica Braskem, enquanto a segunda tranche depende da liberação das ações ordinárias -com direito a voto.
O modelo previsto é que as ações sejam entregues aos bancos em "alienação fiduciária" -ou seja, se tornaram propriedade das instituições financeiras até que o empréstimo seja quitado-, e isso não é permitido pelo acordo de acionistas entre Odebrecht e Petrobras.
Se Odebrecht e Petrobras conseguirem chegar a um entendimento, a segunda parcela do financiamento deve sair até dezembro. O prazo de pagamento do empréstimo total é de dois anos. Nesse tempo, a Odebrecht terá que se esforçar para obter novas obras, gerar caixa e superar a crise provocada pela Lava Jato.
Em razão do escândalo, a construtora vem tendo dificuldades em conseguir novas obras, o que comprometeu o seu fluxo de caixa e dificultou o pagamento de suas dívidas. A empresa só conseguiu seu primeiro novo contrato de licitação pós-Lava Jato -a modernização de uma termelétrica de Furnas- em março.
O grupo Odebrecht precisa pagar R$ 4 bilhões em dívidas nos próximos 12 meses: R$ 1,5 bilhão de financiamentos relacionados a obras no Peru, R$ 1,5 bilhão de débitos da OTP, o braço de concessões do grupo, e o restante, na construtora -os R$ 500 milhões já vencidos e juros que precisam ser pagos até o fim do ano.